Aceno de Lula a BC independente destoa de discurso tradicional do PT

Bloomberg Línea Brasil

Publicado 19.01.2022 15:17

Atualizado 19.01.2022 15:58

Aceno de Lula a BC independente destoa de discurso tradicional do PT

Líder nas pesquisas eleitorais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, pela primeira vez, que não vê “obstáculos” para dialogar com um Banco Central independente, apresentando um posicionamento diferente do cânone predominante na esquerda brasileira, tradicionalmente crítica à autonomia da autoridade monetária em relação ao governo.

“As pessoas colocam obstáculos no tal do Banco Central independente. Olha, o BC tem que ter compromisso com o Brasil e não comigo. Vai ter meta de inflação, vamos colocar meta de emprego e meta de crescimento econômico também. Vamos comprometer com alguma coisa positiva”, disse.

“Quem tem que chamar o cara [o presidente do BC, Roberto Campos Neto] para conversar? Sou eu. Eu não conheço, mas na hora que eu ganhar, eu vou chamar ‘vem cá, vamos conversar um pouquinho aqui’, vamos discutir o Brasil numa boa. Vejo contrariedade, mas não vejo obstáculo”, disse o ex-presidente.

Sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro em 2021, a Lei Complementar 179/2021, que estabelece a autonomia do Banco Central, estabelece que o presidente e diretores do BC terão mandatos fixos de quatro anos, não coincidentes com o do Presidente da República.

A fala de Lula hoje apresenta uma inflexão em relação à histórica oposição do PT ao modelo de BC independente. Num dos episódios mais expressivos, a campanha à reeleição da então presidente Dilma Rousseff, em 2014, veiculou um comercial de TV onde um banqueiro tirava comida do prato de uma família. A “alegoria” era um ataque à proposta de Marina Silva (então no PSB) de tornar o BC autônomo.

O Ibovespa (IBOV), que vinha impulsionado por noticiário corporativo, continuou operando em alta após a fala do ex-presidente.

O petista deu a declaração em uma entrevista coletiva a jornalistas e blogueiros de esquerda nesta quarta-feira (19). Nas duas horas e meia, ele fez um discurso de 20 minutos e, em seguida, respondeu perguntas. O ex-presidente indicou uma posição mais centrista em relação ao que seria um novo governo seu caso ganhe as eleições de outubro.

Lula elogiou publicamente o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido), cotado para ser seu companheiro de chapa. Alckmin, derrotado por Lula em 2006, deixou o PSDB no final do ano e negocia a filiação com o PSB.

“Temos divergências, temos. Por isso, pertencemos a partidos diferentes. Temos visões de mundo diferentes, temos. Mas isso não impede a possibilidade de que as divergências sejam colocadas em um canto e as convergências de outras para poder governar”, disse o petista.

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A aproximação dos dois já tinha se cristalizado no início do mês quando eles se encontraram e se abraçaram diante de fotógrafos num jantar do grupo Prerrogativas, coletivo de advogados em São Paulo. Agora, a sinalização foi mais explícita e Lula buscou afagar a chamada ala histórica do PSDB, que tem resistências ao nome de João Doria.

“Não abro mão de que a prioridade seja o povo brasileiro, o povo trabalhador. Prioridade é o povo que está desempregado, o descamisado, que o Collor falava em 1989. Essa gente é que tem que ser nossa prioridade. E espero que o Alckmin esteja junto, sendo vice ou não, porque me parece que ele já se definiu como oposição não só a Bolsonaro como ao ‘dorismo’ aqui em São Paulo. O PSDB do Doria não é o PSDB social-democrata do Mário Covas, do Fernando Henrique Cardoso, do José Serra, criado no período da Constituinte, no tempo do Franco Montoro”, declarou o petista.

O ex-presidente lembrou que teve como vioce em seus dois mandatos José Alencar, empresário mineiro fundador da Coteminas (SA:CTNM4).

“Não estou procurando aliança ideológica. Não estou procurando aliança apenas para ganhar as eleições. Estou procurando construir um conjunto de alianças com forças políticas que ajudem a fazer a transformação que precisamos fazer no Brasil, inclusive se a gente quiser aprovar uma reforma tributária”, afirmou.

Sobre a tributária, Lula disse que chegou a enviar um projeto de lei em 2007 com o apoio de governadores, entidades de empresários e centrais sindicais, mas que o projeto não foi a diante no Congresso. Agora, ele defendeu a tributação de dividendos. “O que queremos é quem recebe dividendo deve pagar IR e quem ganha até cinco salários mínimos não pague”, afirmou.

Na reforma tributária proposta pelo atual governo, a tributação de dividendos foi enviada ao Congresso, mas emendas na Câmara suprimiram o dispositivo. O texto está à espera de votação no Senado.

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