Consultoria da Câmara critica falta de fonte de custeio na PEC da Transição e cobra plano fiscal

Reuters

Publicado 30.11.2022 17:12

Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) - A PEC da Transição vai ampliar a dívida pública do país ao liberar novos gastos sem indicar fonte de custeio e tem como ponto crítico a falta de indicação de como o déficit nas contas será equacionado nos próximos anos, apontou a Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara, em relatório produzido para subsidiar parlamentares que analisarão a proposta.

O documento estima que a PEC poderá elevar o déficit primário em 2023 da estimativa atual de 63,7 bilhões de reais para 261,6 bilhões de reais --se aprovada na forma como foi apresentada, e considerando os parâmetros previstos hoje no Orçamento.

Como resultado da medida, a dívida bruta do governo geral como proporção do PIB estimada para 2026 aumenta em 9,6 pontos percentuais, dos atuais 80,2% para 89,8% do PIB.

Diante desse cenário, a consultoria avalia que quanto mais se posterga o ajuste para conter o aumento da dívida, maior será o esforço requerido para recuperar sua trajetória sustentável.

“Hipóteses de afastamento de regras podem existir, mas sempre como exceção amparada por elementos fáticos e acompanhadas de um plano de equilíbrio intertemporal das finanças públicas. Desse modo, o aspecto mais crítico da proposição é a falta de indicação de como será equacionado o aumento do déficit nos próximos anos”, disse.

Apresentada formalmente nesta semana ao Congresso, a PEC da Transição retira da contabilidade da regra do teto até 198 bilhões de reais em 2023, principalmente para o pagamento do Bolsa Família de 600 reais por família, com adicional de 150 reais por criança beneficiária. A exceção do programa social à norma fiscal terá validade de quatro anos, pelo texto inicial.