Lula diz que explicação do Copom para taxa de juros é uma vergonha

Reuters

Publicado 06.02.2023 12:33

Atualizado 06.02.2023 13:15

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou nesta segunda-feira de "vergonha" a explicação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para o atual patamar da taxa de juros e pediu que a classe empresarial e a sociedade reclamem do nível da taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano.

Na cerimônia de posse de Aloizio Mercadante como presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Rio de Janeiro, Lula disse ainda que não existe justificativa para o atual patamar dos juros e voltou a afirmar que não existe necessidade de um Banco Central formalmente independente do governo, como ocorre atualmente.

"A classe empresarial precisa aprender a reivindicar, precisa aprender a reclamar dos juros altos. Precisa aprender a reclamar, porque quando o Banco Central era dependente de mim, todo mundo reclamava. O único dia que a Fiesp falava era quando aumentava os juros", disse Lula em seu discurso.

"Não é o Lula que vai brigar não, quem tem que brigar é a sociedade brasileira. Não existe nenhuma justificativa, nenhuma justificativa para que a taxa de juros esteja neste momento a 13,5%. É só ver a carta do Copom para a gente ver que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira", acrescentou.

Em seu discurso, Lula se enganou em relação ao atual patamar da taxa Selic, mantida pela quarta vez seguida em 13,75% na última reunião do Copom na semana passada. Na ocasião, o colegiado justificou sua decisão apontando a incerteza fiscal e a deterioração nas expectativas, que afirmou elevarem o custo para que a autoridade monetária atinja suas metas. Lula não detalhou o motivo de considerar a explicação do Copom uma vergonha.

O presidente tem criticado a independência formal do Banco Central --chegando a afirmar que poderá rever o tema ao término do mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto--, assim como o patamar da taxa de juros e a atual meta de inflação, que ele considera baixa demais.

O mercado financeiro tem reagido mal a essas falas do presidente e ao que enxerga como falta de compromisso fiscal do governo, e costuma responder com a elevação dos juros futuros. Por mais de uma vez, ministros e aliados de Lula vieram a público para atenuar algumas dessas declarações, especialmente para afirmar que o fim da independência formal do BC não está na pauta do governo.