Risco de impasse político no Brasil joga contra reformas estruturais nos próximos anos, diz Moody's

Reuters

Publicado 29.09.2022 15:17

Atualizado 29.09.2022 16:06

(Reuters) - A agência de classificação de risco Moody's Investors Service disse nesta quinta-feira esperar perspectivas de enfraquecimento da agenda de reformas estruturais brasileira nos próximos anos devido a um projetado aumento do impasse político em meio a riscos ao teto de gastos e aos efeitos da política monetária contracionista na dívida.

Em relatório, a agência diz não prever uma "reversão material" da política econômica ou alterações significativas nos regulamentos existentes pelo governo a ser eleito, mas cita percepção de que o risco de aumento de intervenção em setores-chave, como petróleo e gás, pesaria na confiança dos investidores e diminuiria a atividade econômica nos próximos anos.

"O próximo governo enfrentará perspectivas de baixo crescimento e pressões contínuas sobre a acessibilidade da dívida pública dada uma orientação contracionista da política monetária", disseram os analistas Samar Maziad, Serra Battal e Mauro Leos no relatório.

Os profissionais avaliaram que a incerteza continuará elevada no Brasil até as eleições, mas ponderou que seu cenário básico não incorpora "grandes interrupções pós-eleitorais".

"Uma transição suave de poder é fundamental para manter a força de crédito. Uma intervenção nas eleições não estaria de acordo com nossa nota 'baa3' para a força de governança e das instituições no Brasil e levaria a uma grande erosão da confiança dos investidores, reduzindo a estabilidade política e econômica."

Dentro do cenário-base da agência, os riscos fiscais permanecerão contidos desde que o amplo cumprimento do teto de gastos continue, deixando a fatia da dívida sobre o Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 85%. A Moody's admite, contudo, a possibilidade de ajustes no instrumento.