4T23: O que esperar da temporada de balanços brasileira, que começa em breve

Investing.com  |  Autor Jessica Bahia Melo

Publicado 26.01.2024 16:06

Atualizado 29.01.2024 07:00

Investing.com – A temporada de balanços de companhias de capital aberto brasileiras está próxima e com a expectativa de dados mistos entre os setores. Ainda que haja uma ligeira melhora na pressão, principalmente nas companhias que sofrem com despesas financeiras em meio a juros elevados, ela ainda deve constar nos dados do quarto trimestre de 2023. As primeiras empresas que vão divulgar dados trimestrais são Indústrias Romi (BVMF:ROMI3) (30), Santander (BVMF:SANB11) (31), Banco Pan (BVMF:BPAN4) e BR Partners (BVMF:BRBI11) (01).

CONFIRA: Calendário da temporada de balanços

Considerando sazonalidade e divergências entre setores, no quarto trimestre, em relação ao terceiro, os resultados devem vir “mais do mesmo”, com uma ligeira melhora, para Fernando Bresciani, analista do Andbank. Com juros ainda em patamares elevados, as quedas começam a fazer pequeno efeito nas despesas financeiras, mas a mudança deve ser demonstrada somente em 2024. “A atividade ainda continua fraca e a renda continua comprometida, então não é um cenário que puxa”, destaca.

Jennie Li, estrategista de ações da XP (BVMF:XPBR31), afirma que o mercado espera mais um trimestre de contração de lucros das empresas brasileiras, mas essa diminuição tende a desacelerar, como verificado nos trimestres anteriores. O trimestre deve ser misto, segundo Li. Além do varejo, ações relacionadas ao consumo doméstico também podem ser pressionadas, ainda que a situação esteja melhor, enquanto setores mais resilientes e defensivos podem ter leituras mais favoráveis.

A melhora marginal do cenário ocorre devido aos indicadores econômicos locais e internacionais, incluindo a narrativa de um pouso suave na economia americana, segundo Li. O panorama tende a ser positivo nos próximos trimestres, com alívio da pressão nos juros.

Os resultados do quarto trimestre de 2023 devem ser melhores do que no mesmo período do ano anterior diante de melhor nível de emprego, o que ajuda nas vendas, na opinião de Flavio Conde, analista da Levante. “O problema é que os juros continuam muito altos e as famílias continuaram endividadas. Além disso, o fenômeno de casas esportivas tirou as vendas de outros setores”, alerta.

Destaques setoriais

  • Varejo – Ainda é um cenário macro bastante desafiador, de acordo com Li. “Varejo, por exemplo, ainda sofre com uma dinâmica macro bastante desfavorável, mas melhorando marginalmente, afinal estamos vendo corte de juros na taxa Selic, então tem uma melhora, mas ainda são níveis de juros restritivos”. As varejistas de alta renda devem apresentar bons resultados, com base nas prévias da Vivara (BVMF:VIVA3) e do shoppings Iguatemi (BVMF:IGTA3), recorda o Andbank. “No entanto, o setor de eletroeletrônicos ainda pode estar sofrendo, assim como o varejo de classe média e classe baixa. Para Bresciani, Assaí (BVMF:ASAI3) pode começar a entregar um resultado melhor, já que a migração das lojas aconteceu, com uma desalavancagem nesse processo”. As varejistas de vestuário devem mencionar a competição com sites chineses, ainda que tenham um quarto trimestre sazonalmente mais forte, na opinião da Levante. “Teve Black Friday, Natal, e ainda o Réveillon. São três gatilhos de vendas muito importantes e normalmente o quarto trimestre chega a representar 40% das vendas do ano. É uma época em que é possível aumentar as margens, pois as pessoas estão menos sensíveis a preços”, aponta Conde, indicando também perspectivas positivas para alta moda, incluindo Arezzo (BVMF:ARZZ3) e Grupo Soma (BVMF:SOMA3), que vendem para classe A. Essa parcela da população normalmente compra à vista e aceita tíquetes altos. Lojas de departamento também possuem expectativa positiva, segundo Conde, incluindo Renner (BVMF:LREN3), C&A (BVMF:CEAB3) e Guararapes (BVMF:GUAR3), mas estas ações são mais sensíveis a preço, registram maiores compras financiadas e enfrentam mais competição no comércio eletrônico. A expectativa é positiva, mas em nível menor, em sua visão. Os analistas ficarão de olho nas margens e inadimplência no crediário.
  • Financeiro – No setor financeiro, bancos como Itaú (BVMF:ITUB4) e Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) devem continuar com bom momento de resultados, enquanto o restante do setor de mercado de capitais deve melhorar, mas com tendências mais favoráveis ao longo de 2024, afirma a XP. O Andbank concorda e enxerga a B3 (BVMF:B3SA3) com dados pressionados, mas seguradoras com tendências mais positivas. O Bradesco (BVMF:BBDC4), por sua vez, ainda deve passar por uma melhoria gradual ao longo de 2024. A expectativa é de melhora de resultados para provisão para devedores duvidosos, segundo a Levante, ainda que rondem dúvidas sobre o assunto. “Ações de Banco do Brasil performaram muito bem em 2023, então os resultados vão ter que melhorar bastante para justificar novas altas”.
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  • Carnes – O setor de carnes, principalmente BRF (BVMF:BRFS3), também deve ser olhado de perto, com expectativa positiva, completa a Levante. “No Natal sobem as vendas de Peru, no caso da Sadia, e Chester, no caso da Perdigão. Além disso, o preço do milho e da soja caiu em 2023 e isso deve ter ajudado a recuperar margens, que ainda estão baixas, mas estão em processo de recuperação”. Já para carnes bovinas, a expectativa não é favorável, pois o ciclo do gado continua com preço baixo e custo alto, conforme a Levante.

  • Construção civil – As prévias indicam que os resultados são de regulares a bons, na visão da Levante. Os investidores devem ficar mais atentos a 2024 e impactos nas vendas da ampliação do Minha Casa, Minha Vida, que afrouxou os limites, favorecendo as vendas.

  • Companhias aéreas – O analista da Levante menciona ainda o setor aéreo como favorecido pela queda no preço do petróleo e no querosene de avião, assim como pela maior demanda nas festas de final de ano. As margens devem seguir apertadas, pondera o Andbank. Ainda, a renegociação da Gol (BVMF:GOLL4) segue como fator de preocupação.

  • Elétricas – O setor de elétricas, principalmente as distribuidoras, devem ter dados sólidos diante de maior consumo de energia, conforme a analista da XP. O setor de energia elétrica também deve ter alguma melhora, principalmente nos resultados financeiros de transmissoras, completa Bresciani.

  • Mineradoras – Mineradoras também devem apresentar desempenho relativamente sólido, com preços mais elevados de minério de ferro nesse trimestre, informa a XP. Entre os possíveis destaques positivos, Bresciani menciona a Vale (BVMF:VALE3), tendo em vista que o preço do minério se manteve num bom patamar e o volume esteve forte, em seu entendimento. “Ela está desalavancada, então eu acho que o resultado, se não tiver nenhuma surpresa na parte de custos, eu acho que ela vai vir com um bom resultado, ela deve surpreender. É uma das empresas que surpreende, mas só não anda muito mais na bolsa por causa da China”.

  • Outros setores mencionados – O setor de autopeças, máquinas e equipamentos, ainda anda devagar, operando abaixo da sua capacidade, segundo o Andbank. “Açúcar e etanol deve vir bem, o setor de distribuição de combustíveis também, estradas, com um volume maior, mas inda não é um evento para você virar o setor”, conclui Bresciani.

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