Analistas do Goldman Sachs veem investidores brasileiros com viés ainda negativo para varejo

Reuters

Publicado 25.09.2023 15:35

SÃO PAULO (Reuters) - Analistas do Goldman Sachs (NYSE:GS) reuniram-se com investidores no Brasil na semana passada e observaram que a visão para o varejo continua relativamente negativa, com preocupações que vão desde a dinâmica de alavancagem e do fluxo de caixa até à demanda ainda fraca por parte das famílias excessivamente endividadas e ao risco regulatório para benefícios fiscais.

"O sentimento em relação ao setor permanece, de modo geral, relativamente negativo, com apenas alguns investidores dispostos a olhar além da atual fraqueza de curto prazo na demanda dos consumidores para se concentrarem nos benefícios potenciais dos cortes cumulativos dos juros e da desalavancagem gradual das famílias -- e dos balanços das empresas", afirmaram Irma Sgarz e equipe em relatório enviado a clientes.

Eles acrescentaram que o fluxo recente de notícias sobre potenciais alterações em incentivos fiscais está pesando ainda mais, com os investidores demonstrando uma convicção relativamente limitada sobre quais os benefícios que podem ser protegidos e quais os que podem ser descontinuados.

No caso do varejo discricionário, a equipe do banco norte-americano apurou que os investidores concentraram-se sobretudo nos varejistas de vestuário, embora com um posicionamento leve, enquanto o interesse no segmento de bens duráveis, de empresas como Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) e Casas Bahia ou de artigos para animais de estimação -- Petz (BVMF:PETZ3) -- era limitado.

"Investidores pareceram mais construtivos em relação à varejista de joias Vivara (BVMF:VIVA3) e à operadora de academias Smartfit (o Goldman Sachs não cobre essas empresas) e também permanecem globalmente positivos em relação à Arezzo&Co (BVMF:ARZZ3), de quem investidores valorizam o perfil de crescimento consistente e o maior foco da administração nas margens", afirmaram.

Eles afirmaram que Lojas Renner (BVMF:LREN3) dividiu opiniões, com alguns expressando preocupações sobre a visibilidade ainda relativamente limitada dos lucros no curto prazo e algumas desvantagens adicionais nas estimativas de consenso.

"Alguns investidores também estavam interessados em discutir qual deveria ser um múltiplo justo para a ação da Lojas Renner, com alguns defendendo um 'de-rating' mais estrutural, enquanto outros foram mais construtivos devido à inflexão dos lucros passar para a linha de visão", observaram, citando que a preocupação em torno da concorrência externa ainda prevalece.

Para o Grupo Soma (BVMF:SOMA3), destacaram que o sentimento permanece cauteloso, principalmente devido à exposição da empresa a benefícios fiscais e à incerteza contínua sobre quanto destes benefícios podem ser preservados ou compensados por outras iniciativas de planejamento fiscal.

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No caso do varejo alimentar, a visão é, no geral, extremamente cautelosa, com investidores temendo que o crescimento das vendas mesmas lojas estimado para o terceiro trimestre possa mais uma vez ser negativo para o segmento de atacarejo, dado o ambiente de queda dos preços dos alimentos.

Em relação a Assaí (BVMF:ASAI3), segundo os analistas, há receios com a alavancagem da empresa, a geração de caixa no curto prazo e o cronograma de desembolso de investimentos. Quanto ao Carrefour (BVMF:CRFB3) Brasil, há preocupações semelhantes às que cercam o Assai, além de visibilidade limitada sobre o potencial de recuperação do portfólio das lojas BIG.

As opiniões sobre Natura&Co (BVMF:NTCO3) não foram unânimes, mas no geral positivas, embora parte disso a partir de uma perspectiva orientada por eventos, notadamente a perspectiva de venda da unidade The Body Shop.

Eles também notaram que investidores acreditam, de modo geral, que a administração da fabricante de cosméticos está direcionando a recuperação na direção certa e gerindo adequadamente as expectativas de curto prazo. "No entanto, veem uma visibilidade limitada nos lucros nos próximos trimestres, à medida que a empresa avança mais profundamente na implementação da Onda 2", afirmou a equipe do Goldman Sachs.

RD (BVMF:RADL3), afirmaram os analistas, continua a ser um consenso claro no lado positivo, com os investidores não avaliando que a ação está "esticada" dado o crescimento confiável e visibilidade de lucros.

Sgarz e equipe também observaram que investidores locais permaneceram "esmagadoramente" positivos em relação Mercado Livre (NASDAQ:MELI).