Banco do Brasil (BBAS3): Com maior lucro entre os bancos, por que as ações caem?

Investing.com  |  Autor Jessica Bahia Melo

Publicado 09.02.2024 14:10

Investing.com – O Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) reportou o maior lucro entre os bancos no quarto trimestre do ano passado, com R$9,4 bilhões, e elevou a parcela deste que é paga aos acionistas (payout) para 45%. No entanto, isso não foi necessário para que os papéis subissem, em meio à repercussão de gastos maiores com provisões. Às 13h59 (de Brasília), as ações apresentavam queda de 1,23%, a R$57,82.

O balanço contou com uma alta nas provisões para créditos de liquidação duvidosa (PCLD) para R$9,983 bilhões e ampliação da carteira de crédito ampliada, somando R$1,11 trilhão, alta de 10,3% na base anual. A inadimplência piorou, mas o retorno sobre patrimônio líquido (ROE) alcançou 22,5%, contra 22,9% no quarto trimestre de 2022 e 21,3% no terceiro trimestre.

O número contempla um pagamento menor de impostos durante o período, aponta a Guide, ao ponderar sobre a alta no lucro. “A alíquota efetiva de imposto de renda foi de apenas 28%, bem menor que em trimestres anteriores (ao redor de 36%)”.

Segundo a Genial Investimentos, do lado negativo, a instituição financeira teve uma elevação considerável na provisão (PDD) “devido a agravamentos de risco no segmento empresas e em outras provisões que inclui questões cíveis, fiscais e trabalhistas. Além disso, houve um aumento na inadimplência mesmo excluindo o efeito de Americanas (BVMF:AMER3)”.

Leonardo Piovesan, analista fundamentalista da Quantzed, concorda que as provisões foram destaque negativo. “Então a gente teve um aumento bem alto do PDD de ano contra ano de mais de 50%. E na minha opinião, o mercado não estava esperando isso. E a empresa não abre que cliente ou que conjunto de clientes foram responsáveis por essa provisão, mas penso que pode estar relacionado com o setor agro”, avalia.

Do lado positivo, o balanço teve um bom desempenho comercial, com crescimento da carteira de crédito e alta margem financeira bruta, com despesas administrativas controladas e menor alíquota de imposto devido ao hedge do Banco Patagonia, elenca a Genial, que mantém recomendação de compra para as ações, com preço-alvo de R$64.

h2 Perspectivas para 2024/h2

O guidance para 2024 indica mais um ano de lucros fortes, mas com despesas administrativas possivelmente crescendo acima da inflação, lembra a Guide. A expectativa é de um lucro líquido ajustado de R$37 bilhões a R$40 bilhões e uma expansão de 8% a 12% na carteira de crédito. A Quantzed considerou o guidance para 2024 como promissor, com um nível de despesa administrativa controlada, ainda que também crescente.

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A Genial espera uma significativa desaceleração nas altas dos lucros em relação a 2023. Ainda será em patamares atrativos, assim como o patamar do retorno sobre o patrimônio líquido, em torno de 21%, competindo com o Itaú em rentabilidade. A tendência é de continuidade da expansão da carteira de crédito em bons níveis.

A XP Investimentos (BVMF:XPBR31) avalia como um dos pontos que considera mais surpreendentes a projeção para o lucro líquido, apontando uma faixa de crescimento de 9,5% a 18%. Apesar do bom desempenho das ações no ano passado, a XP considera o valuation atrativo e mantém recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 61.

h2 Payout sobe para 45%/h2

O Banco do Brasil anunciou o aumento da sua distribuição de lucro (payout) de 40% para 45% e uma remuneração complementar de R$2,38 bilhões, considerando juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos.

Para o ano que vem, com o novo payout, a XP estima que o valor pago como proventos pode atingir R$17 bilhões, considerando o meio do intervalo sugerido pelo banco em seu guidance de R$ 37 bilhões a R$ 40 bilhões, ou 10% de dividend yield (valor de dividendos pagos pela empresa divido pelo preço da ação).