Bioceres vai vender trigo transgênico na Argentina em 2023 após aprovação no Brasil

Reuters

Publicado 07.03.2023 19:34

Atualizado 07.03.2023 20:45

Por Maximilian Heath

BUENOS AIRES (Reuters) - A empresa de biotecnologia Bioceres planeja aumentar a produção de seu trigo geneticamente modificado (GM) HB4 na Argentina, com maior resistência à seca, disse o presidente executivo da companhia nesta terça-feira, após uma aprovação importante no Brasil e em meio a uma seca que está causando perdas no região.

Em entrevista à Reuters, Federico Trucco também disse que espera que o trigo HB4 eventualmente possa ajudar a expandir a área de plantio em torno de 50% no Brasil, onde são semeados cerca de 3 milhões de hectares com trigo, em sua maioria nos Estados do Rio Grande do Sul e Paraná.

O executivo afirmou que a empresa começará a comercializar o trigo HB4 na Argentina este ano, embora se concentre principalmente em trabalhar com "multiplicadores de sementes" para aumentar as reservas de sementes.

"Neste primeiro ano provavelmente serão apenas os multiplicadores que conseguirão escalar, pode haver algumas bolsas disponíveis para produtores que queiram testar a tecnologia", disse Trucco, acrescentando que a Bioceres “continuará atuando como comprador de última instância para que não haja risco comercial".

Os planos vêm depois que o Brasil aprovou o plantio e importação de trigo HB4, enquanto testes no ano passado na Argentina, onde uma forte seca tem prejudicado o setor agrícola desde o ano passado, mostraram que os rendimentos do HB4 podem superar em até 40% os do trigo sem modificações genéticas em condições secas.

Trucco explicou que variedades de trigo "gêmeas" foram usadas nos testes, "iguais em todos os genes, exceto pela presença ou ausência do (gene) HB4".

"Fizemos (comparações) em 20 lugares diferentes na Argentina, comparação entre gêmeos, e aí a diferença é inequívoca porque não há um único caso em que o gêmeo que tem HB4 tenha desempenho inferior ao que não tem", disse ele.

A Bioceres, no entanto, ainda tem um longo caminho a percorrer, apesar das aprovações e da crescente aceitação do consumidor. O Brasil, importante produtor mundial de alimentos, é o principal importador do trigo argentino.

Nesta terça-feira, um especialista da Embrapa, agência de pesquisa agrícola do Brasil, disse que o país expandirá os testes do trigo HB4, embora leve cerca de quatro anos para testar a adaptabilidade da variedade às condições tropicais, além de mais sementes serem necessárias para testes em grande escala.

Na última safra da Argentina --onde a semeadura do cereal começa em maio--, cerca de 6,1 milhões de hectares foram semeados com trigo, que produziu 12,4 milhões de toneladas, ante 22,4 milhões da temporada anterior, devido ao impacto da seca, segundo à Bolsa de Cereais de Buenos Aires.

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