BofA vê chance de dólar abaixo de R$5 e Ibovespa a 130 mil pontos em 2021

Reuters

Publicado 02.12.2020 16:15

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O Bank of America está "overweight" nas ações brasileiras em 2021, vê chances de o dólar cair abaixo de 5 reais e recomenda posições vendidas nos DIs janeiro 2022 e janeiro 2023, apostando em um cenário de "organização" fiscal, que contemple manutenção do teto de gastos e progresso em reformas micro.

"O fluxo estrangeiro virou, mas óbvio que uma intensidade maior nesse movimento vai depender do nosso fiscal", disse David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America, prevendo que o Brasil receberá 60 bilhões de dólares em investimento direto no país (IDP) em 2021, acima dos 45 bilhões de dólares previstos para este ano.

O BofA vê o Ibovespa em 130 mil pontos no próximo ano, um acréscimo ao redor de 16% em relação ao patamar atual, puxado por perspectiva de recuperação dos lucros em 2021 e 2022 para setores cíclicos, que têm maior peso no índice -- Materiais Básicos, Energia e Finanças.

Na América Latina, o mercado de ações brasileiro é o único com recomendação "acima da média do mercado". O BofA está "marketweight" em México e Peru, "underweight" no mercado chileno e sem exposição a Argentina e Colômbia.

No caso do câmbio, o banco calcula o dólar a 5,10 reais no término de 2021, abaixo dos 5,23 reais desta quarta-feira. "Ficamos entre 5,50 reais e 6 reais por muito tempo, o risco agora é romper os 5 reais, mas apenas se o Brasil fizer a lição de casa fiscal e o exterior se mantiver favorável", disse Beker.

Uma valorização mais acentuada do real ainda seguirá limitada, de acordo com Beker, pelo nível historicamente baixo da taxa de juros, que mantém a moeda brasileira atrás em termos de retornos na comparação com vários de seus principais pares.

Beker até projeta "normalização" da política monetária no ano que vem, com o Banco Central elevando a Selic para 3,25% até dezembro de 2021, frente os 2% atuais, num processo com início em alta de 0,25 ponto percentual em junho. "Mas se a gente estiver errado sobre o fiscal, a pressão será para subir antes disso", ponderou o executivo.

O gradualismo no aumento de juros em 2021, no cenário-base do BofA, se deve à perspectiva de que o quadro inflacionário continuará benigno. Beker ainda estima que, em termos anuais, o IPCA deva continuar em ascensão até o primeiro e segundo trimestres de 2021, mas na sequência começará a recuar, fechando 2021 com acréscimo de 3,6%, ainda abaixo do centro da meta do ano que vem (3,75%).

Num contexto de inflação benigna e Selic em alta apenas gradativa, Beker avalia que o mercado de juros está com excesso de prêmio e que faz sentido posição vendida nos DIs janeiro 2022 e janeiro 2023. O DI janeiro 2022, por exemplo, está em 3,015% ao ano, mais de 100 pontos-base acima do CDI atual, de 1,90%.

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