Bolsonaro diz que aumento do gás é "inadmissível" e que política de preços da Petrobras pode mudar

Reuters

Publicado 07.04.2021 16:01

Atualizado 07.04.2021 16:55

(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que o aumento do preço do gás anunciado pela Petrobras (SA:PETR4) nesta semana, de 39%, é "inadmissível" e, apesar de dizer que não irá interferir na estatal, afirmou que a política de preços da empresa pode mudar.

"É uma empresa (Petrobras) que, mais do que transparência, tem que ter previsibilidade. É inadmissível se anunciar agora, o velho presidente (da Petrobras) ainda, o reajuste de 39% no gás. É inadmissível! Que contratos são esses? Que acordos foram esses? Foram feitos pensando no Brasil?", indagou Bolsonaro em discurso na cerimônia de posse do novo diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, general João Francisco Ferreira.

"Não vou interferir, a imprensa vai dizer o contrário. Mas podemos mudar essa política de preço lá", acrescentou o presidente.

As declarações de Bolsonaro vem depois do anúncio, na segunda-feira, de que os preços da Petrobras para venda de gás natural a distribuidoras terão salto de 39% a partir de 1° de maio, quando a companhia aplicará um reajuste trimestral previsto em contrato.

Recentemente, Bolsonaro decidiu retirar Roberto Castello Branco do cargo de presidente-executivo da Petrobras em meio a divergências sobre a política de preços de combustíveis adotadas pela estatal, e colocar em seu lugar o general da reserva Joaquim Silva a Luna, que ocupava a diretoria-geral brasileira de Itaipu. A decisão gerou forte reação do mercado financeiro, com expressiva queda das ações da Petrobras na B3 (SA:B3SA3).

No discurso desta quarta em Foz do Iguaçu (PR), Bolsonaro disse ainda que precisou retirar do Congresso o projeto de lei que alterava a forma de cobrança do ICMS sobre os combustíveis pelos Estados, uma de suas apostas para buscar reduzir o preço dos combustíveis, que enfrenta resistência dos governadores, mas que reenviará novamente a proposta em 15 dias.

Segundo o presidente, é preciso previsibilidade para a política de preços da Petrobras e a população não pode viver com a "sanha arrecadatória" do governo federal e dos governos estaduais.

"O que nós queremos é transparência. Vocês têm que saber quanto o governo federal arrecada de imposto em cada combustível e quanto os governadores arrecadam com os mesmos combustíveis. Isso é pedir muito? A previsibilidade é para vocês, consumidores", afirmou.