BR deverá avaliar compra de refinarias da Petrobras, diz CEO

Reuters  |  Autor 

Publicado 07.05.2019 16:57

BR deverá avaliar compra de refinarias da Petrobras, diz CEO

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A BR Distribuidora (SA:BRDT3), empresa de combustíveis controlada pela Petrobras (SA:PETR4), deverá estudar eventual participação em concorrência planejada pela estatal do petróleo para a venda de suas refinarias, disse nesta terça-feira o presidente da companhia, Rafael Grisolia.

A Petrobras aprovou no mês passado estudos para vender oito refinarias da companhia fora dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, que somam capacidade de processamento de cerca de 1,1 milhão de barris de petróleo por dia.

"É claro que, como distribuidor, a gente tem o dever de olhar isso de diversos ângulos, e isso a gente vai fazer sempre", disse Grisolia, ao participar de teleconferência com analistas de mercado sobre os resultados do primeiro trimestre.

O executivo pontuou ainda que os planos da Petrobras para o desinvestimento no refino também podem movimentar as operações da BR de outras formas, uma vez que poderá atrair novos ofertantes de combustíveis, ampliando possibilidades.

A Petrobras não tem ainda uma data para o lançamento dos desinvestimentos em refino.

A quebra do monopólio da Petrobras no refino é defendida por analistas e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Eles defendem maior concorrência, o que viabilizaria preços menores aos consumidores, além da diminuição da exposição da Petrobras a interferências de Brasília.

No entanto, especialistas do setor disseram à Reuters que, embora os desinvestimentos das refinarias ajudem a Petrobras a sustentar suas finanças, podem falhar na criação de um mercado de refino competitivo no Brasil, da forma como a empresa propôs, já que a estatal ainda teria o monopólio no Sudeste, principal mercado consumidor.

COMPETIÇÃO DIFÍCIL

Importadores vêm apontando dificuldades para competir no mercado interno com a Petrobras desde a greve de caminhoneiros, em maio do ano passado, quando protestos ocorreram nas estradas contra os altos preços do diesel, levando o Brasil a lançar um programa de subvenção que foi até dezembro.

Neste ano, a Petrobras está realizando ajustes nos preços em períodos mais longos.

O diretor-executivo de operação e logística da BR, Alípio Ferreira Junior, destacou que a empresa permanece atuando no segmento de importação de combustíveis, mas não com a lucratividade vista antes da greve.

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"As arbitragens estão muito modestas em relação ao que a gente via no passado", disse Ferreira Junior.

"Desde que houve a greve dos caminhoneiros e entrou o regime de subvenção, a gente tem esse mercado retomado pela Petrobras... e pouco espaço para a importação, no que se refere a lucratividade."

CARTÃO CAMINHONEIRO

O presidente da BR também ressaltou aos analistas nesta terça-feira que o cartão caminhoneiro, apontado pelo governo como uma das iniciativas para atender as demandas de caminhoneiros, será "um produto de mercado".

Em março, a Petrobras anunciou que a BR desenvolveria para implantação em período estimado de 90 dias um cartão de pagamentos que viabilizaria a compra de diesel por caminhoneiros a preço fixo em postos com bandeira BR, mas nenhum detalhe foi apresentado até agora.