Caixa quer IPOs de Elo e Caixa asset até fevereiro, foco do Caixa Tem é no crédito

Reuters

Publicado 26.10.2021 08:40

Atualizado 26.10.2021 10:51

Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) - A Caixa Econômica Federal quer listar em bolsa a bandeira de cartões Elo e o negócio de gestão de recursos de terceiros Caixa Asset até o início de 2022, enquanto tenta escalar a operação de crédito no banco digital Caixa Tem antes de levá-lo ao mercado, disse o presidente do banco estatal, Pedro Guimarães.

"Mesmo com as atuais condições do mercado, o IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) da Elo é uma boa operação para levar ao mercado porque é uma empresa de alto crescimento", disse Guimarães em entrevista à Reuters. "É possível fazer já em dezembro ou até fevereiro de 2022."

Há meses, a Caixa, maior acionista da Elo com 41,5% do capital da empresa, Bradesco (SA:BBDC4) e Banco do Brasil (SA:BBAS3) tentam avançar nos preparativos para listagem da Elo, que deve acontecer numa das bolsas dos Estados Unidos, para facilitar a comparabilidade com as rivais globais Visa e Mastercard.

Mas mais de 60 empresas adiaram ou cancelaram seus planos de estreia na bolsa neste ano, diante da queda das ações e da instabilidade política e macroeconômica do Brasil. Várias das que levaram seus IPOs até o fim tiveram que aceitar grandes cortes nos preços das ações. Em alguns casos, as ofertas só ocorreram com a garantia dos chamados investidores âncora.

Questionado se o IPO da Elo terá esse desenho, Guimarães não quis dar detalhes, mas garantiu que a operação vai acontecer.

A Elo, que afirma ter uma base de mais de 140 milhões de cartões, planeja captar recursos no mercado para aumentar sua rede de emissores e investir mais em tecnologia, eventualmente com a compra de fintechs, como já fazem Visa e Mastercard.

Segundo Guimarães, os sócios da Elo estão nas aprovações finais para o IPO, como a escolha das instituições que vão coordenar a oferta, que devem incluir as unidades de banco de investimento dos próprios donos da empresa. A Reuters publicou em abril citando fontes que que Morgan Stanley (NYSE:MS), Goldman Sachs (NYSE:GS) e JPMorgan haviam sido escolhidos como coordenadores do IPO.

No caso da Caixa Asset, com IPO previsto para ocorrer na B3 (SA:B3SA3) até fevereiro, pode envolver a venda de até 15% da companhia ao mercado. Segundo Guimarães, a companhia a ser listada terá cerca de 500 bilhões de reais em ativos sob gestão, já que fundos com ativos problemáticos ligados a investimentos com recursos do FGTS serão cindidos.

No caso da Caixa Tem, banco digital criado no ano passado para pagamento de programas de distribuição de renda do governo federal, o banco quer primeiro ter uma carteira de microcrédito de maior porte antes de pensar em retomar um plano de IPO.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Segundo Guimarães, por ter acesso a custo menor de captação de recursos, a Caixa poderá mostrar a investidores que a Caixa Tem dispõe de melhores condições de reter clientes do que os bancos digitais mais recentes.

"Ninguém conversa todo mês com 40 a 50 milhões de clientes por mês", afirmou o executivo. "E a Caixa é a única em condições de emprestar para quem não tem histórico de crédito no mercado por causa das nossas características distintas".

O adiamento no plano do IPO da Caixa Tem, antes previsto para acontecer neste ano na Nasdaq, ocorre no momento em que a expansão da base de clientes de bancos digitais começa a perder força no Brasil, com investidores passando a buscar informações sobre quantos clientes fazem transações e são capazes de prover rentabilidade aos negócios.

POLÍTICA

Guimarães, que tem sido presença frequente nas transmissões do presidente Jair Bolsonaro pelas redes sociais, e que tem viajado pelo país visitando prefeitos e inaugurado agências da Caixa, na contramão dos bancos privados, negou que tenha pretensões de se candidatar para as eleições de 2022.