China ameaça com medidas em resposta à visita de autoridade dos EUA a Taiwan

Reuters

Publicado 06.08.2020 10:50

Por Cate Cadell e Ben Blanchard

PEQUIM/TAIPÉ (Reuters) - A China, nesta quinta-feira, ameaçou tomar medidas em reação à viagem para Taiwan do secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Alex Azar, a primeira visita de uma autoridade norte-americana de tão alto escalão à ilha reivindicada pela China em quatro décadas.

A visita, que começa no próximo domingo, aumenta as tensões entre Pequim e Washington que vão do comércio e direitos humanos à pandemia do novo coronavírus. A China considera Taiwan o assunto mais importante e sensível de suas relações bilaterais com os Estados Unidos.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, afirmou em uma entrevista diária em Pequim que qualquer tentativa de negar ou desafiar o princípio de "Uma China", sob o qual Taiwan é parte da China, terminaria em fracasso.

"A China tomará fortes medidas em resposta ao comportamento dos Estados Unidos", disse Wang, se referindo à visita de Azar.

Embora não tenha dado detalhes, a China disse, mês passado, que sancionaria a Lockheed Martin (NYSE:LMT) pelo seu envolvimento em vendas de armas norte-americanas a Taiwan.

Taiwan rechaçou as críticas da China, dizendo que Pequim não tinha o direito de comentar.

Washington quebrou laços oficiais com Taipei em 1979, a favor de Pequim. O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, tornou prioridade o reforço do seu apoio à ilha democrática e aumentou a venda de armas.

Azar, com uma reunião com o presidente Tsai Ing-wen na agenda, viajará para fortalecer a cooperação econômica e de saúde pública com Taiwan e apoiar o papel internacional de Taiwan na luta contra a pandemia.

Taiwan é excluído da maioria das agências globais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS, por causa de objeções da China, que vê a ilha como uma província chinesa que não tem os mesmos direitos de Estados.

O vice-diretor-geral do Centro de Controle de Doenças de Taiwan, Chuang Jen-hsiang, disse que Azar e membros da delegação norte-americana seriam testados para coronavírus antes de embarcarem para Taiwan e novamente quando chegassem ao aeroporto.

Apenas se testarem negativo poderão entrar no país.