Reuters
Publicado 15.07.2020 20:21
Por Jake Spring e Ana Mano
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - O governo chinês pediu ao Brasil que suspenda as exportações de duas plantas frigoríficas devido a preocupações com novos surtos de coronavírus em unidades de processamento de alimentos no país, disse à Reuters uma pessoa com conhecimento direto do assunto.
A China já bloqueou os embarques de seis unidades frigoríficas no Brasil, o segundo país mais atingido pela pandemia no mundo, com quase 2 milhões de casos de doenças respiratórias.
Caso a solicitação das autoridades chinesas seja confirmada, as suspensões totalizarão oito unidades.
Destas duas plantas adicionais que a China gostaria de bloquear, uma produz carne bovina e a outra processa aves, disse a fonte sob condição de anonimato.
Os bloqueios já atingiram alguns dos principais frigoríficos brasileiros como Marfrig (SA:MRFG3) Global Foods, que tem uma planta de bovinos suspensa pela China em Várzea Grande (MT), JBS (SA:JBSS3), com uma unidade de aves e uma de suínos no Rio Grande do Sul, e BRF (SA:BRFS3), que teve a planta de suínos em Lajeado (RS) bloqueada pelo país asiático.
A China é o maior comprador brasileiro das carnes bovina, suína e de frango, e deve impulsionar os embarques de proteínas no país em 2020.
O novo pedido, entregue à Embaixada do Brasil em Pequim, ainda não chegou ao Brasil para o governo considerar uma resposta, disse a fonte.
O comunicado das autoridades chinesas solicitou informações relacionadas a 12 outras plantas frigoríficas, buscando descobrir se as notícias da mídia sobre surtos de coronavírus nessas instalações eram verdadeiras, acrescentou o interlocutor.
Anteriormente, a ministra da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina Dias, já havia dito que não há evidências de que o coronavírus seja transmitido em alimentos.
A pasta não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse que a indústria está tomando precauções e adotou protocolos em 12 de março para combater a propagação do vírus nas unidades. A entidade ainda contestou dados divulgados por promotores de trabalho sobre surtos em fábricas.
"O vírus não nasceu no frigorífico. Demonizou-se os frigoríficos", disse o presidente da ABPA, Francisco Turra, em entrevista coletiva nesta quarta-feira.
Ele afirmou que usar apenas testes rápidos para avaliar as infecções nas plantas de carne distorceu a realidade, pois estes não são tão precisos quanto os testes moleculares de PCR.
O governo brasileiro solicitou que as autoridades chinesas revertessem as proibições oficialmente, disse Turra, acrescentando que as suspensões eram injustificadas.
Escrito por: Reuters
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