Governo volta a pedir que Petrobras, com nova diretoria, reavalie vendas de ativos

Reuters

Publicado 29.03.2023 09:06

Atualizado 29.03.2023 12:45

Por Letícia Fucuchima e Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo brasileiro, sócio majoritário da Petrobras (BVMF:PETR4), voltou a pedir que a empresa, com uma nova diretoria a partir desta quarta-feira, reavalie vendas de ativos, o que deve incluir desinvestimentos já assinados.

O pedido, feito pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, foi realizado após a diretoria anterior --composta em sua maioria por executivos indicados pelo governo passado-- considerar que não havia fundamentos para suspender os processos assinados.

"De acordo com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o pedido de reexame da questão dos desinvestimentos a partir da eleição da nova diretoria executiva, indicada pelo atual presidente da Petrobras, se justifica para que sejam preservados os interesses nacionais, respeitando-se as regras de governança da companhia", diz comunicado do ministério divulgado nesta quarta-feira.

A nova diretoria da Petrobras toma posse nesta quarta-feira.

O pedido do ministério para a nova diretoria foi feito antes de uma decisão do Conselho de Administração sobre os processos de desinvestimentos, que teria por base a recomendação dos diretores que estão deixando a empresa.

O ministério pediu ainda que Prates "adote as providências necessárias para melhor avaliação do tema, salvo melhor juízo, antes da análise pelo Conselho de Administração".

Em comunicado ao mercado, a Petrobras confirmou o recebimento do novo ofício do ministério e afirmou que "a nova administração a companhia irá analisar tal solicitação, de acordo com as suas regras internas de governança". Mas não adiantou qualquer decisão.

O governo Lula é um grande crítico da estratégia adotada pela Petrobras no governo anterior, de vender bilhões de dólares em ativos, em meio a um foco na exploração e produção de petróleo em águas profundas, e desde a campanha eleitoral tem prometido mudar o rumo da empresa.

Os demais ativos, que não tiveram contratos de venda finais assinados, seguem em análise.

Nesta semana, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que a decisão da diretoria executiva de seguir adiante com esses desinvestimentos seria discutida em reunião do conselho nesta quarta-feira.

A FUP havia enviado ainda na véspera ofício para o Ministério de Minas e Energia pedindo que a pasta dialogasse com os conselheiros da companhia, indicando que votassem pela suspensão da venda dos ativos que estão em curso.