Eletrobras quer capitalização "o quanto antes", não vê impacto de Santo Antônio no processo

Reuters

Publicado 17.05.2022 15:59

Atualizado 17.05.2022 19:15

Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - A Eletrobras (SA:ELET3) pretende realizar a oferta de capitalização "o quanto antes", possivelmente em junho, ainda que a data limite para fazer a operação com base nos resultados financeiros do primeiro trimestre seja em meados de agosto, disse nesta terça-feira o CEO da estatal, Rodrigo Limp.

Em teleconferência para comentar o balanço trimestral, o executivo avaliou ainda que o imbróglio relacionado a um aumento de capital na Santo Antônio Energia, da qual a Eletrobras é acionista, não deve ter impacto sobre o processo de desestatização.

O Tribunal de Contas da União (TCU) retoma na quarta-feira sua última análise sobre a privatização da Eletrobras e ainda não há clareza sobre o potencial resultado do julgamento, embora a expectativa seja positiva, afirmou Limp.

Para o CEO da elétrica, a posição conjunta dos ministros do TCU ainda não está clara. Após a decisão da Corte, a companhia irá analisar o acórdão para avaliar eventuais impactos em termos já aprovados para a privatização pela assembleia de acionistas e pelo governo.

Limp preferiu não comentar datas específicas para os próximos passos da oferta após o aval do TCU, como o "road show" com investidores e a publicação do prospecto da oferta de ações.

Em relação ao cronograma para a oferta de capitalização, ele reiterou que o melhor cenário é a realização "no menor prazo possível".

Às vésperas do julgamento, o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, fez um périplo nesta terça-feira a gabinetes de ministros do TCU para defender a aprovação do processo que vai possibilitar a privatização da Eletrobras, relatou à Reuters uma das fontes da Corte.

Nas conversas, Sachsida apresentou-se aos ministros, colocou-se à disposição deles e reiterou a importância da votação do processo. O julgamento foi interrompido no mês passado por um pedido de vista do ministro Vital do Rêgo. [nL2N2WI2LQ]SANTO ANTÔNIO ENERGIA A Eletrobras ainda está analisando possíveis cenários para a Santo Antônio Energia, que passa por um processo de aumento de capital bilionário para fazer frente a uma decisão arbitral desfavorável.

Ele evitou comentar sobre a disposição de outros acionistas do empreendimento em acompanhar o aumento de capital, mas lembrou que a companhia já havia alertado em relatório sobre a possibilidade de se tornar acionista majoritária caso os demais sócios não façam o aporte.

A subsidiária da Eletrobras Furnas tem a maior fatia do capital da Madeira Energia (43,06%), empresa que controla a concessionária da usina hidrelétrica Santo Antônio, uma das maiores do país.

Além de Furnas, são acionistas na Madeira Energia a Novonor (antiga Odebrecht, com 18,25%), Caixa FIP Amazônia Energia (19,63%), SAAG (veículo da Andrade Gutierrez, com 10,53%) e Cemig (SA:CMIG4) (8,53%).

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Até o momento, apenas a Cemig disse publicamente que não irá acompanhar o aumento de capital na Madeira Energia.

"Hoje estamos fazendo avaliação de todos os cenários, inclusive o de que (outros sócios) não façam o aporte. Não saberíamos quantificar o que aconteceria no eventual pior cenário, mas eventualmente teria que fazer uma negociação com credores", disse Limp.

Caso a Eletrobras se torne acionista majoritária após a operação, ela passaria a incorporar a concessionária em balanço, impactando seu endividamento.

A diretora financeira da Eletrobras, Elvira Presta, ressaltou que a eventual incorporação da empresa poderia ter um impacto mais imediato na dívida da companhia, mas que gradualmente ela também seria beneficiada com aumento de Ebitda.

O CEO da Eletrobras disse que o processo da Santo Antônio Energia é "completamente independente" do que foi decidido na privatização e não vê impacto.

Na semana passada, a Fitch Ratings avaliou em relatório que a Eletrobras é o único acionista que pode se interessar e ter recursos disponíveis para fazer o aporte de capital na Madeira Energia.