CPI da Braskem aprova plano de trabalho, pede informações e deve votar convocações

Reuters

Publicado 27.02.2024 16:10

Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - A CPI da Braskem (BVMF:BRKM5) do Senado aprovou nesta terça-feira o plano de trabalho do relator, senador Rogério Carvalho (PT-SE), prevendo eixos de atuação -- causas, tamanho dos passivos e reparação aos afetados, e falhas dos órgãos de fiscalização -- até o dia 22 de maio, prazo limite para o funcionamento da comissão se ela não for prorrogada.

Junto com o plano de trabalho, a Comissão Parlamentar de Inquérito aprovou uma série de requerimentos de informações a empresas e órgãos públicos, caso da Braskem e da Petrobras (BVMF:PETR4), assim como da Agência Nacional de Mineração (ANM), da Defensoria Pública da União, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, além do governo estadual de Alagoas e da prefeitura de Maceió. Os esclarecimentos solicitados devem ser encaminhados em até 5 dias.

"Embora já se saiba quem e o que causou tamanho desastre, remanescem múltiplas questões que precisam ser respondidas", disse o relator, referindo-se aos três eixos de atuação do colegiado.

Dentre as incertezas levantadas pelo senador, estão a real dimensão dos passivos ambiental e patrimonial, a legalidade e equidade dos acordos de reparação já celebrados pela empresa, e eventuais omissão, negligência ou dolo nas condutas da mineradora e de suas antecessoras, além da atuação dos órgãos ambientais que autorizaram a mineração e dos órgãos de fiscalização e controle.

A Braskem virou alvo de uma CPI após novo episódio de afundamento de solo em bairro de Maceió, devido ao colapso de uma mina de exploração de sal-gema.

A exploração do sal-gema em Maceió foi realizada entre 1976 e 2019 e interrompida após bairros da cidade passarem a registrar rachaduras em ruas e em edifícios, diante da movimentação de enormes cavidades criadas como consequência da mineração. A Braskem comandava as atividades de exploração desde 2002, ano de sua fundação.

Carvalho também quer levantar a "situação financeira da empresa quanto à capacidade de garantir a reparação dos danos aos quais deu causa e da intenção de fazê-lo".

"Um assunto que gera preocupação é um possível afastamento, por parte da empresa, da obrigação de reparação dos enormes danos que causou. Tal ponto tem por evidência o fato de a mineradora ter, no ano de 2023, adotado uma avultosa política de distribuição de dividendos, em contraponto a um estreitado provisionamento das despesas com a reparação civil do desastre em Alagoas", comentou o relator, durante a reunião desta terça.

O senador sugeriu ainda, em seu plano de trabalho, que o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Bruno Dantas, autorize o acesso de representante da CPI aos autos de processos que tenham relação com o caso da exploração de sal-gema no município de Maceió, assim como das "fiscalizações, denúncias ou representações de que seja parte a Agência Nacional de Mineração e o Ministério de Minas e Energia".

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O plano de trabalho também incluía a convocação de professores especialistas e do vice-presidente administrativo e financeiro da Braskem, Marcelo Arantes, mas esses requerimentos só devem ser votados na manhã da quarta-feira, quando a CPI retoma os trabalhos.