Crise política se intensifica e investidores derrubam o Ibov em meio a incertezas

Investing.com  |  Autor 

Publicado 27.03.2019 18:35

Crise política aumenta e investidores derrubam Ibovespa em meio a incertezas

Investing.com - Os investidores estão sob a expectativa se o pessimismo prevalecerá no mercado na sessão de amanhã (28) após o Ibovespa fechar a quarta-feira em forte queda de 3,57% a 91.903 pontos. Negociado até as 18h, o Ibovespa Futuros aumentou as perdas para 4,7% na reta final e deu o sinal de que o pregão de quinta-feira deverá manter o sentimento de reprecificação dos ativos em meio à crise política.

O pessimismo impera após a avaliação de investidores de que a reforma da Previdência pode atrasar ou ser desidratada com a falta de articulação entre o Executivo e o Congresso, em meio a uma disputa política entre os apoiadores de Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

"O Executivo não mostra disposição para conversar com os parlamentares", disse Pedro Menezes, membro do comitê de investimento de ações e sócio da Occam Brasil Gestão de Recursos, no Rio de Janeiro. "A impressão que fica é que o presidente Jair Bolsonaro não define corretamente suas prioridades e não há sinalização de que isso vai mudar", afirmou. "O mercado não tinha na conta a inércia do presidente. E agora vai esperar atos concretos, não vai mais se levar por simples falas."

Pressão legislativa

Os deputados mostraram união e apoio a Maia e impuseram grande derrota do governo no Congresso a aprovar, em dois turnos, a PEC que impõe o cumprimento de emendas coletivas dos parlamentares no Orçamento da União. O projeto dormia nas gavetas da Câmara desde 2015, quando foi usado para pressionar a então presidente Dilma Rousseff, que tinha uma disputa aberta com o presidente da Câmara à época, Eduardo Cunha, preso na operação Lava Jato.

A aprovação por ampla maioria - 448 votos a 3, em primeiro turno, e por 453 votos a 6 na segunda votação - foi interpretada como derrota do governo, devido ao projeto ser contrário à proposta de desvinculação do Orçamento enviada ao Senado pelo ministro da Economia Paulo Guedes, além de indicar as dificuldades do governo em formar uma base de apoio.

Além da derrota acachapante, a forma que o projeto foi encaminhado mostrou a desorganização da base aliada do governo. O líder de Bolsonaro estava ausente na reunião e o PSL, partido do presidente, encaminhou voto favorável à medida.

O texto foi encaminhando ao Senado e seria votado na sessão desta quarta, mas o líder do governo, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) conseguiu adiar.

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O nome do relator do projeto da Previdência é outro ponto de atrito e adia a tramitação da Previdência. O nome cotado para assumir a tarefa era do tucano Eduardo Cury, de São Paulo, mas o deputado indicou que pode recusar a relatoria após ataques de integrantes do PSL ao presidente do PSDB, Geraldo Alckimin.

Guedes no Senado não minimiza pessimismo

Um dia após cancelar ida à Câmara, o ministro da Economia, Paulo Guedes, participou de audiência no Senado, sem conseguir, contudo, reduzir o sentimento negativo do mercado em relação ao mundo político. A fala mais repercutida da audiência foi a possibilidade de que ele deixaria o cargo se sua agenda econômica fosse rejeitada, mas negou que sairia após uma primeira derrota.

"Vocês acham que vou brigar para ficar aqui? Eu estou aqui para servi-los. Se ninguém quiser o serviço, vai ser um prazer ter tentado. Mas não tenho apego ao cargo, desejo de ficar a qualquer custo, como também não tenho inconsequência e irresponsabilidade de sair na primeira derrota", afirmou.

Guedes reafirmou a necessidade de aprovar uma reforma com potência fiscal da ordem de R$ 1 trilhão em 10 anos. Cálculos do mercado apontam que a economia do projeto apresentado pelo governo poderá cair para R$ 600 bilhões caso vá adiante a proposta de líderes do Congresso de retirar o BPC e a aposentadoria rural, entre outros.

Maia sobe o tom e crise se prolonga

Com o apoio apresentado por seus pares na Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia elevou o tom contra o presidente Jair Bolsonaro ao afirmar na noite desta quarta que o presidente Jair Bolsonaro "brinca de governar o país e que está na hora de parar a brincadeira".

A fala de Maia veio após entrevista de Bolsonaro à TV Bandeirantes no fim da tarde. O presidente da República defendeu a aprovação da reforma da Previdência e diz que não há briga com Maia, mas cobrando a responsabilidade do presidente da Câmara para a aprovação da reforma. Além disso, o presidente afirmou que Maia está "abalado por questões pessoais", possivelmente se referindo à prisão do padrasto de sua esposa, o ex-ministro Moreira Franco, solto dias depois.

Ibovespa sofre; dólar dispara

A Suzano (SA:SUZB3) foi a única ação com variação positiva no dia no Ibovespa. A papeleira se beneficiou da alta do dólar, por ter uma parcela significativa de suas receitas com exportação, avançando 1,5% a R$ 47,30.

Mas a desvalorização do real prejudicou a Gol (SA:GOLL4), a maior queda do dia. A companhia da área é sensível à escalada da moeda americana devido aos seus custos em dólar. O papel encerrou despencando 8,71% a R$ 25,15.

O dólar atingiu o maior valor em quase 6 meses, encerrando o dia negociada a R$ 3,9501, alta de 1,89%. É o maior patamar desde 1º de outubro passado (R$ 4,0183). Além da tensão política interna, contribuiu para a alta o sentimento negativo no exterior com perspectivas negativas para a desaceleração econômica global, intensificada após a China revelar queda do lucro em 14% das empresas industriais no primeiro bimestre do ano, o que aumentou temores de um período de desaquecimento maior do que o esperado.

A Vale (SA:VALE3) divulgou lucro de R$ 14,48 bilhões no quarto trimestre de 2018, Ebitda ajustado de R$ 17,06 bilhões e receita de R$ 37,45 bilhões

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