Cyrela vê estabilidade de margem bruta após alta no final de 2023

Reuters

Publicado 15.03.2024 12:07

Atualizado 15.03.2024 13:50

Por Patricia Vilas Boas

SÃO PAULO (Reuters) -A Cyrela (BVMF:CYRE3) não vê perspectiva de melhora da margem bruta, após uma evolução de 2,3 pontos percentuais no indicador no quarto trimestre sobre um ano antes, afirmou o diretor financeiro da companhia, Miguel Mickelberg, nesta sexta-feira.

"Hoje, a gente não está vendo muita perspectiva para melhorar", disse Mickelberg em teleconferência com analistas após a publicação na noite da véspera do resultado da companhia do final do ano passado.

"É claro que sempre podemos ter boas notícias com os lançamentos que vão acontecer, mas hoje a gente imagina que a margem deve ficar mais ou menos por esses patamares (do final do ano passado)", acrescentou o executivo. A margem bruta da companhia nos três últimos meses de 2023 foi de 33,7%.

Analistas do Itaú BBA e BofA (NYSE:BAC) consideraram os resultados da construtora no trimestre como sólidos. A empresa teve alta de 19% no lucro líquido do quarto trimestre.

"O ponto chave a se observar adiante é a margem bruta em meio à difícil precificação do estoque e dificuldade dos consumidores no acesso a financiamentos e de geração de caixa antes da redução das vendas e da intensificação da construção", afirmaram analistas do BofA em relatório.

"Continuamos enxergando um cenário difícil diante do estoque elevado de imóveis de médio e alto padrões e de um pico esperado nas entregas, diante de uma acessibilidade desafiadora", acrescentaram os analistas.

As ações da Cyrela caíam 2,6% às 13h43, enquanto o Ibovespa mostrava recuo de 0,8%.

Segundo o Mickelberg, a expectativa da Cyrela era que levasse um pouco mais de tempo para que a margem bruta da companhia alcançasse níveis entre 33% e 34%.

"A gente imaginava que isso aconteceria ao longo de 2024 e aconteceu um pouco antes, no segundo semestre de 2023."

GERAÇÃO DE CAIXA

A construtora teve um consumo de caixa de 94 milhões de reais nos últimos três meses de 2023, ante queima de 54 milhões no mesmo período em 2022. No ano, o consumo foi de 101 milhões de reais, versus geração de 33 milhões em 2022.

"Olhando para 2024, a figura inicial parece um pouco melhor do que 2023, então a gente imagina que deva ter, talvez, caixa 'neutro' ou, eventualmente, ligeiramente positivo, mas não vai ser muito", disse o diretor financeiro.

"Claro que esse número pode variar muito, principalmente em função de aquisição de terrenos", destacou.