Desconfiança do investidor estrangeiro sobre Brasil é alta, diz estrategista do Deutsche Bank

Reuters

Publicado 21.09.2020 09:35

Atualizado 21.09.2020 12:10

Por Gabriel Ponte

BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil ainda enfrenta tendência de desalavancagem de investimento estrangeiro em comparação a outros mercados emergentes, em um cenário mercado por alta desconfiança por parte dos agentes internacionais quanto à capacidade do país de aprovar reformas econômicas, afirmou Drausio Giacomelli, estrategista-chefe para mercados emergentes do Deutsche Bank.

Giacomelli citou ainda o desafio do país de implementar legislação que garanta maior eficácia ao processo de reestruturação das empresas.

De acordo com o estrategista, uma sinalização e aprovação efetiva de reformas estruturais será o grande divisor de águas para a sustentabilidade do crescimento econômico, que poderia alcançar o patamar de até 3% ao longo dos anos, a depender da efetividade das reformas fiscais na garantia de estabilidade da trajetória da dívida pública.

"O investidor (estrangeiro) está com uma confiança muito baixa no Brasil, baixíssima. Quando a gente olha o nível de incerteza do Brasil, altíssimo (...) em relação à conduta de política fiscal, o progresso de reformas e (sobre) qual é a plataforma (econômica) do presidente (Jair Bolsonaro)", apontou em entrevista à Reuters.

O dólar disparou 2,8% nesta sexta-feira, enquanto os juros futuros saltaram e o Ibovespa caiu em meio a apreensão fiscal doméstica e ao clima externo negativo.

No entanto, apesar do alto nível de incerteza, Giacomelli vê como positivas as medidas de alívio aos efeitos da pandemia de Covid-19, que propiciaram injeção de liquidez a empresas e famílias.

O Deutsche Bank estima que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil recuará 5,2% em 2020, desempenho melhor que o de pares da América Latina. "A saída (recuperação) está sendo rápida porque o Brasil, do outro lado da balança, teve um dos maiores programas de alívio do mundo", disse.

Traçando perspectivas para mercados emergentes, Giacomelli fez ressalvas sobre o México, segunda maior economia da América Latina, que em sua visão tem adotado excessiva disciplina fiscal em um momento dramático.

De volta ao Brasil, ele pontuou, entretanto, que, passada a fase mais crítica de respostas aos estragos da pandemia --na qual se faz necessário prover assistência--, uma das etapas a ser alcançada é a aprovação pelo Congresso brasileiro de projeto que atualiza a Lei de Falências. O texto já foi aprovado no fim de agosto pela Câmara dos Deputados e agora tramita no Senado.

A proposta reequilibra o poder entre credores e devedores na recuperação judicial, possibilitando que haja proposta de plano de recuperação pelos credores, além de melhorar questões relacionadas à segurança jurídica.

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Na esteira da recuperação econômica --com o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegando a afirmar que o país é uma das primeiras economias mundiais a se recuperar dos impactos da pandemia--, indicadores do terceiro trimestre já sinalizam uma retomada, com os dos setores de varejo e da indústria.

No entanto, o setor de serviços, que responde pela maior parcela do PIB, tem registrado recuperação mais lenta. Em julho, por exemplo, assinalou alta de apenas 2,6% na comparação com junho, longe de recuperar as perdas da pandemia, enquanto já em junho o comércio retomou os níveis pré-pandêmicos.

Giacomelli explicou que a recuperação do setor, o mais afetado mundialmente pela pandemia da Covid-19, tem ocorrido em outros países com redução a níveis baixos da taxa de taxa de transmissão da Covid-19, o que, segundo ele, ainda não ocorre no Brasil.

Dados divulgados na semana passada pela Imperial College London mostraram que a taxa de transmissão da Covid-19 no Brasil caiu a 0,9, menor patamar desde abril.

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