Deslistagem de empresas russas de bolsas no exterior pode dar lucro a bancos

Reuters

Publicado 14.04.2022 14:20

Atualizado 14.04.2022 14:55

Por Sinead Cruise e Carolina Mandl

WASHINGTON/NOVA YORK (Reuters) - Empresas russas e bancos globais, incluindo BNY Mellon, Deutsche Bank, Citigroup (NYSE:C) e JPMorgan (NYSE:JPM), podem lucrar se Moscou decidir deslistar empresas russas das bolsas estrangeiras, segundo duas pessoas familiarizadas com o assunto.

O potencial ganho inesperado se deve às taxas que os bancos emissores podem cobrar contratualmente dos investidores quando cancelam o produto.

Não está claro se os bancos cobrarão as taxas correndo risco de irritar investidores, que poderiam alegar injustiça, dadas as circunstâncias criadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

No entanto, as taxas podem se traduzir em centenas de milhões de dólares, de acordo com os cálculos da Reuters com base nos dados de taxas fornecidos pelas fontes.

Atingida por sanções ocidentais, Moscou está se preparando para deslistar certificados de depósito ações de empresas russas das bolsas estrangeiras e convertê-las em valores mobiliários locais, numa tentativa de reduzir o controle dos estrangeiros sobre essas companhias.

Os certificados de depósito são papéis emitidos por um banco representando ações de uma empresa estrangeira negociadas em uma bolsa de valores local.

Há mais de 30 desses recibos de empresas russas, incluindo Gazprom, Rosneft, Lukoil e Norilsk Nickel emitidos por BNY Mellon, Deutsche Bank, Citi, JPMorgan, entre outros, e sendo negociados nos Estados Unidos e na Europa.

Segundo os contratos padrão, os certificados de depósito podem ser cancelados pelo emissor ou pelo investidor. Quando isso acontece, o investidor em geral recebe dinheiro com a venda das ações subjacentes, embora possam assumir a custódia das ações.

Os bancos cobram uma taxa de administração, normalmente em torno de 0,05 dólar por recibo, que pode ser compartilhada com as empresas, disseram duas fontes.

Se Moscou deslistar empresas russas, os bancos teriam que cancelar os produtos.