CORREÇÃO-Vice-presidente financeiro da Caixa leva cultura da Faria Lima para banco estatal

Reuters  |  Autor 

Publicado 28.06.2019 16:29

CORREÇÃO-Vice-presidente financeiro da Caixa leva cultura da Faria Lima para banco estatal

(Corrige designação de executivo para vice-presidente financeiro, não diretor financeiro)

Por Tatiana Bautzer e Carolina Mandl

SÃO PAULO (Reuters) - O veterano executivo de bancos de investimento André Laloni, que fez carreira em bancos como Goldman Sachs e UBS (S:UBSG), parecia uma escolha improvável para a vice-presidência financeira da Caixa Econômica Federal, mais conhecida pelas linhas de crédito imobiliário.

Mas quatro meses depois de sua nomeação, o executivo de 46 anos tornou a Caixa onipresente na avenida Faria Lima, epicentro dos grandes negócios fechados pelos bancos de investimento no país.

A Caixa está tomando a dianteira entre os bancos estatais, sob forte pressão para vender ativos e devolver recursos ao governo federal, imprimindo um ritmo bem mais rápido ao seu programa de desinvestimentos do que o Banco do Brasil (SA:BBAS3) e o banco de desenvolvimento BNDES.

Laloni está tocando vários negócios ao mesmo tempo, entre ofertas subsequentes de ações em empresas onde a Caixa ou fundos que o banco administra têm participações, IPOs e vendas de participações ou parcerias em suas subsidiárias, enquanto tenta criar uma subsidiária que se chamará Caixa BI.

Laloni assumiu seu primeiro cargo público animado com a oportunidade de deixar mudanças duradouras na redução do tamanho do Estado e da burocracia.

"Nós sabemos que estamos aqui por um período limitado de tempo, mas o que nos atraiu foi a ideia de deixar um legado", disse Laloni durante uma entrevista à Reuters em São Paulo.

Para tocar seus negócios além das tarefas de vice-presidente financeiro, Laloni chega a trabalhar 16 horas por dia e quase todos os fins de semana. Alguns funcionários que foram transferidos para a divisão de banco de investimento e que não estavam acostumados a longas jornadas pediram para sair, segundo Laloni, mas ele avalia que as equipes que vieram de fora e recrutadas dentro da Caixa não têm tido choques culturais.

Até agora, Laloni supervisionou ofertas que arrecadaram cerca de 10 bilhões de reais, incluindo as participações no ressegurador IRB Brasil (SA:IRBR3) e na Petrobras (SA:PETR4). As duas operações equivaleram a 37% de todas as ofertas de ações no Brasil, o maior mercado de ações da América Latina, no período, segundo dados da Refinitiv.

Laloni espera que o volume total atinja 15 bilhões de reais até o final de julho, com as vendas adicionais de participações no Banco do Brasil e na empresa de energia Alupar (SA:ALUP11).

No segundo semestre, Laloni, que tem um MBA da Universidade de Virginia, nos Estados Unidos, espera focar na criação de joint ventures e assinatura de acordos comerciais pela Caixa Seguridade, preparando a divisão para um IPO. Essas transações dobrariam o total movimentado para 30 bilhões de reais até o fim do ano, estima Laloni.

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Algumas das ofertas de ações estão sendo vendidas pela Caixa aos clientes de suas mais de 4 mil agências, como ocorreu com a oferta da Petrobras.

A onda de desinvestimentos dará à Caixa pela primeira vez na história um lugar nos rankings de operações de banco de investimento. Logo após a oferta da Petrobras, a Caixa chegou ao quinto lugar no ranking de equities da Refinitiv.

A Caixa usará o total arrecadado para pagar empréstimos com o Tesouro Nacional. O novo time reunido por Laloni tem 30 pessoas, das quais cinco vieram do setor privado, incluindo do Barclays (LON:BARC), onde ele trabalhou por seis anos, e os outros 25 são funcionários de carreira da Caixa.

Depois de começar a carreira no banco UBS em Nova York, Laloni trabalhou no Itaú Unibanco (SA:ITUB4), no Goldman Sachs e no Barclays em São Paulo. O UBS o contratou para liderar a área de banco de investimento no Brasil e Cone Sul, mas ele deixou o cargo em 2016 "por decisão mútua", segundo um comunicado do banco na época.

O convite para a vice-presidência financeira da Caixa veio do presidente do banco, Pedro Guimarães, em meio à estratégia do presidente Jair Bolsonaro de mudar totalmente a

gestão dos bancos estatais. Laloni já tinha um bom relacionamento com Guimarães, depois de ter trabalhado com ele em alguns negócios. A ideia de levar o conhecimento do setor privado para a Caixa o entusiasmou.

Embora não haja planos para listar a Caixa no mercado, o banco vem divulgando balanços como se fosse uma empresa listada. "Quero que a Caixa seja transparente, teremos subsidiárias listadas", disse Laloni.