Economistas latino-americanos pedem ao FMI que crie fundo para lidar com dívida de emergentes

Reuters

Publicado 07.06.2023 15:40

Por Andrea Shalal

WASHINGTON (Reuters) - Alertando sobre o aumento do risco associado à fragilidade e aos níveis recordes de dívida soberana, um grupo dos principais economistas latino-americanos pediu nesta quarta-feira que o Fundo Monetário Internacional (FMI) adote reformas imediatas semelhantes às dos bancos centrais para se preparar para a próxima crise dos mercados emergentes.

O Comitê Latino-Americano de Assuntos Macroeconômicos e Financeiros (Claaf), que inclui os principais economistas e ex-ministros das finanças dos países-membros, pediu ao FMI que crie um Fundo de Mercados Emergentes de 300 bilhões de dólares que possa fazer compras temporárias de dívida soberana de países selecionados com fundamentos sólidos.

O grupo disse que o FMI atualmente carece de ferramentas, financiamento e flexibilidade para enfrentar um contágio financeiro que pode se espalhar para países saudáveis em uma economia global instável.

“Os mercados emergentes foram atingidos durante e após a pandemia. Embora tenhamos passado pelo pior no momento, a lição da pandemia é que o FMI precisa de mais poder de fogo para se preparar para a próxima crise ou choque global”, disse Liliana Rojas-Suarez, que preside o grupo e lidera a Iniciativa da América Latina no Centro para o Desenvolvimento Global.

A proposta surge em meio a tensões crescentes entre o FMI e a Argentina, que busca reestruturar seu programa de 44 bilhões de dólares com o Fundo diante de uma inflação de quase 109% e reservas em dólares cada vez menores. Economistas também alertaram sobre o risco devido aos níveis recordes de dívida soberana em outras economias de mercados emergentes.

A Claaf disse que o novo fundo deve ser gerido pelo FMI, mas ter seu próprio balanço, capitalizado com 300 bilhões de dólares, o que equivale a cerca de 20% do total da dívida soberana internacional dos mercados emergentes. A instituição disse que o capital poderia ser apoiado por linhas de swap dos principais bancos centrais dos países ricos.

O fundo deveria intervir apenas em situações em que a probabilidade de uma parada súbita sistêmica de influxos de capital para mercados emergentes fosse muito alta, disse o grupo, acrescentando que ajudaria o FMI a fornecer liquidez rapidamente se necessário em uma crise.