Em maior alta desde outubro, Ibovespa sobe 4,29% e retoma os 106 mil pontos

Estadão Conteúdo

Publicado 12.04.2023 05:00

Em maior alta desde outubro, Ibovespa sobe 4,29% e retoma os 106 mil pontos

Em dia de apetite por ativos brasileiros, que colocou o dólar abaixo dos R$ 5 no melhor momento desta terça-feira, e com descompressão na curva de juros, na ponta longa e na curta, o Ibovespa teve o seu maior avanço em porcentual desde 3 de outubro (então 5,54%), logo após o primeiro turno da eleição. A euforia veio ainda pela manhã, com a leitura abaixo do esperado para o índice oficial de inflação, o IPCA, que desacelerou em março e ficou abaixo do limite superior da meta no acumulado em 12 meses, algo não visto nos últimos anos. No mês, o IPCA ficou em 0,71%, abaixo da mediana das estimativas (0,77%) para março.

Assim, com a expectativa de que o Copom possa sinalizar em breve, possivelmente até mesmo no próximo comunicado, em maio, postura menos dura com relação à Selic, e perspectiva do mercado de que a taxa de juros do BC possa começar a ser cortada no começo do segundo semestre - ou mesmo no fim do primeiro -, os investidores foram às compras. Apenas dois papéis do Ibovespa (Minerva (BVMF:BEEF3) -1,29%, Taesa (BVMF:TAEE11) -0,03%) ficaram de fora da maré aquisitiva vista na sessão, com retomada também no giro financeiro, a R$ 32,2 bilhões. Ao fim, o índice da B3 (BVMF:B3SA3) mostrava alta de 4,29%, a 106.213,76 pontos, entre mínima de 101.847,79 pontos - quase igual à abertura, a 101.848,94 - e máxima de 106.455,33 pontos

Foi o melhor nível intradia desde 9 de março e o maior patamar de encerramento desde o dia 8 daquele mesmo mês. Na semana, o Ibovespa acumula ganho de 5,35%, passando ao positivo em abril (+4,25%), mas ainda cedendo 3,21% no ano.

"O dia foi bem favorável tanto para câmbio como para juros, em que a parte mais curta da curva ficou menos pressionada com a leitura sobre o IPCA, mais fraco do que o esperado. Contribuíram também declarações do secretário do Tesouro, Rogério Ceron, sobre a regra fiscal, dando mais detalhes e esclarecendo algumas dúvidas sobre a interpretação da proposta, principalmente as relacionadas ao crescimento dos investimentos em relação às receitas", diz Luciano Costa, sócio e economista-chefe da Monte Bravo Investimentos.

Na B3, as ações de primeira linha, como as de commodities (Vale ON (BVMF:VALE3) +5,28%, Petrobras ON (BVMF:PETR3) +4,39% e PN +4,69%) e do setor financeiro (Bradesco PN (BVMF:BBDC4) +5,24%, na máxima do dia no fechamento; Itaú PN (BVMF:ITUB4) +3,24%), avançaram com força na sessão, enquanto a ponta do Ibovespa foi carregada por papéis com ganhos na casa de dois dígitos: Gol (BVMF:GOLL4) (+17,13%), Azul (BVMF:AZUL4) (+13,81%), Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) (+12,84%), Hapvida (BVMF:HAPV3) (+12,77%), CVC (BVMF:CVCB3) (+11,62%), Cogna (BVMF:COGN3) (+11,30%) e Yduqs (BVMF:YDUQ3) (+10,06%).

O dia chegou ao fim com retomada tanto nas ações com exposição à economia doméstica, como as do índice de consumo (+5,81%), quanto nos papéis com preços e demanda formados no exterior, como os do índice de materiais básicos (+4,60%), que reúne as ações de commodities.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

"Papéis com maior Beta mais voláteis, aqueles que costumam amplificar o respectivo grau de ajuste, seja de alta ou baixa, ante o observado no índice de referência, sensíveis ao ciclo e que sofreram mais no último período, foram os mais beneficiados na sessão, como companhias aéreas e nomes do varejo e serviços como Magazine Luiza e Localiza (BVMF:RENT3) (ON +9,17%)", observa Luiz Adriano Martinez, sócio e gestor de renda variável da Kilima Asset, destacando o fluxo da sessão, possivelmente reforçado por estrangeiros pelo que se viu de desempenho nos papéis de maior capitalização de mercado, como Vale e os bancos privados.

"Não havia dúvida de que a Bolsa brasileira está muito barata, por alguns critérios no menor nível em duas décadas, mas estava faltando notícia boa para induzir recuperação, o que veio hoje com o IPCA em 12 meses abaixo do limite superior da banda de flutuação, considerando a meta oficial do CMN (Conselho Monetário Nacional), buscada pelo Copom. Com tudo mais constante, é possível que haja espaço para o BC começar a cortar a Selic ali por agosto", diz Bernard Faust, operador de renda variável da One Investimentos.

No cenário externo, ele menciona dados mais fracos sobre a inflação ao consumidor e ao produtor na China - grande consumidora de commodities produzidas no Brasil -, acrescentando que o país asiático tem cortado depósitos compulsórios e sinalizado nova redução de juros, para estimular a economia. "O quadro também tem se mostrado mais favorável quanto aos juros americanos. O Fed deve vir com mais um aumento de 25 pontos-base, mas os cortes na taxa podem começar já no segundo semestre, quem sabe ali por agosto também", diz Faust.

Aqui, com o projetado para o IPCA em 12 meses abaixo de 5%, tira-se parte da pressão sobre o BC quanto à referência a chances de novo aumento de juros ainda pela frente, "acelerando bastante a entrada (de recursos) para Bolsa", aponta Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora. Ele destaca também a redução de compulsório na China como outro fator-chave para o apetite por ativos brasileiros na sessão. "A injeção de recursos na economia chinesa ampara visão de aumento da demanda, do consumo de matérias primas, o que favorece o Brasil (na balança comercial e nas transações externas), e especialmente os papéis vinculados a commodities", acrescenta.

"Além de ter vindo abaixo das expectativas, o IPCA de março também é uma boa notícia do ponto de vista qualitativo, com a média dos núcleos recuando para 0,36%, de 0,72% no anterior. O núcleo de serviços, que serve de proxy para o grau de aquecimento da demanda, também recuou para 0,32%, ante 0,54%", observa em nota Darwin Dib, economista-chefe da Gauss Capital. "O resultado de hoje deverá ser decisivo para ajudar a estancar a elevação das expectativas de inflação, registradas na pesquisa Focus, pois a variável objetiva que define a trajetória das expectativas é, em última instância, o comportamento da inflação corrente."

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações