Embraer busca parceiros, mas não a repetição do acordo com a Boeing

Reuters

Publicado 02.06.2020 09:17

Por Marcelo Rochabrun

SÃO PAULO (Reuters) - A Embraer (SA:EMBR3), terceira maior fabricante de aviões do mundo, está aberta a novos parceiros de negócios após a Boeing ter desistido de um acordo de 4,2 bilhões de dólares, afirmou o presidente da empresa brasileira à Reuters.

    Mas Francisco Gomes Neto disse que qualquer novo acordo será menor em escopo do que aquele que vinha sendo negociado com a Boeing e que foi encerrado em abril.

    "Não estamos procurando uma parceria da dimensão que a gente tinha com a Boeing", afirmou ele. "Nós achamos que seria muito mais rápido e eficiente parcerias por projeto".

    Para isso, Gomes Neto desfará o dispendioso processo de separação que preparou a lucrativa divisão de jatos comerciais da Embraer para a aquisição da Boeing e trará todos os seus funcionários de volta ao mesmo teto corporativo.

    As duas empresas estão agora envolvidas em processos de arbitragem uma contra a outra, ambas questionando se as condições necessárias para o negócio foram atendidas.

    Quando a Boeing cancelou o acordo planejado em abril, quando o coronavírus devastou o setor de viagens, a Embraer ficou sem um plano B.

    Gomes Neto reconheceu que a Embraer está apenas elaborando um plano de negócios de cinco anos para a divisão de jatos comerciais que a Boeing teria administrado. A Embraer elaborou planos semelhantes no ano passado para suas unidades de defesa e jatos executivos, que seguiriam independentes da Boeing.

    A unidade comercial produz jatos de médio porte de até 150 passageiros, que competem diretamente com o Airbus A220. Esse avião foi desenvolvido inicialmente por uma empresa menor, a Bombardier do Canadá, cujo projeto de jato foi comprado pela fabricante europeia.

    Gomes Neto, que assumiu o cargo após a assinatura do contrato da Boeing, agora está refazendo a Embraer como uma empresa focada em encontrar parcerias menores e mais direcionadas.

    Uma nova aeronave turboélice que a Embraer deseja desenvolver, mas não tem mais dinheiro para financiar, pode potencialmente gerar um acordo, disse ele.

    "Nesses primeiros anos agora saindo dessa crise, a gente vai ter que priorizar muitos investimentos", disse Gomes Neto. "A gente reduziu todos os investimentos, alguns muito próximos de zero".

    A Reuters informou na sexta-feira que China, Índia e Rússia estavam avaliando possíveis parcerias com a Embraer.