Enel suspende temporariamente venda da distribuidora de energia do Ceará

Reuters

Publicado 22.11.2023 10:09

Atualizado 22.11.2023 13:45

Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - A italiana Enel (BIT:ENEI) anunciou nesta quarta-feita que decidiu suspender temporariamente a análise e prospecção para potencial venda de sua distribuidora de energia elétrica no Ceará, a Coelce (BVMF:COCE5).

A companhia havia divulgado no fim do ano passado um plano de alienação de ativos que envolvia o desinvestimento da concessionária cearense, em um movimento para concentrar esforços em distribuição nas áreas metropolitanas de São Paulo e no Rio de Janeiro.

Ao comentar nesta quarta-feira o novo plano estratégico da Enel até 2026, o presidente-executivo da Enel, Flavio Cattaneo, disse que o processo foi colocado em suspensão para aguardar uma decisão do governo sobre a renovação da concessão.

"No momento, ainda está em vigor, mas teremos que ver como as discussões prosseguem, se vamos aliená-la", disse o executivo a jornalistas.

Com uma base comercial de 4,38 milhões de unidades consumidoras atendidas, a Enel Ceará é uma das distribuidoras de energia com contratos vencendo nos próximos anos e que poderá renová-los sob novas regras definidas pelo Ministério de Minas e Energia e que estão em análise pelo Tribunal de Contas da União.

O processo para definição das regras para renovação das concessões está em etapa final e, segundo as distribuidoras, avança normalmente, apesar de ruídos surgidos após o apagão de larga escala ocorrido em São Paulo após fortes chuvas no início deste mês.

DIFICULDADES EM SP E RJ

O diretor da italiana Enel para negócios no restante do mundo, Alberto De Paoli, comentou nesta quarta-feira os apagões causados por eventos climáticos extremos que deixaram sem luz, por dias, milhões de clientes das concessionárias do grupo em São Paulo e no Rio de Janeiro.

"Fizemos o impossível, mobilizamos nossas equipes, estabelecemos uma espécie de interdependência entre nossas redes em busca de ajuda. No entanto, como foi dito, precisamos lembrar que isso é resultado das mudanças climáticas e novas necessidades estão surgindo, exigindo a busca por novas soluções", afirmou o executivo.

A Enel São Paulo, segunda maior distribuidora de energia do país, que atende a capital paulista e região metropolitana, sofreu fortes críticas pela demora para restabelecer a energia aos clientes no apagão do início de novembro. Segundo a empresa, os trabalhos foram dificultados pela grande quantidade de árvores que caíram sobre a rede elétrica.

A Prefeitura de São Paulo chegou a solicitar à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o cancelamento do contrato da distribuidora, mas advogados entendem que o caso não justifica a princípio um processo de caducidade da concessão.

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Já no Rio de Janeiro, os serviços da concessionária foram afetados por fortes chuvas e ventania no sábado passado, com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) tendo ajuízado uma ação na terça-feira pedindo o restabelecimento imediato da luz a todos os consumidores de Niterói, sob pena de multa.