Entidades brasileiras querem impedir Boeing de contratar engenheiros

Estadão Conteúdo

Publicado 22.11.2022 16:14

Atualizado 23.11.2022 07:38

Entidades brasileiras querem impedir Boeing de contratar engenheiros

Duas entidades que representam empresas do setor brasileiro de defesa e aeroespacial, incluindo a Embraer (BVMF:EMBR3), entraram na Justiça contra a Boeing (BVMF:BOEI34)(NYSE:BA) pedindo para que contratações de engenheiros brasileiros pela companhia americana sejam interrompidas. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) e a Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (Aiab), profissionais "altamente qualificados" estão sendo "cooptados" pela Boeing, o que coloca "em risco a sobrevivência dessas empresas e, sobretudo, ameaça a soberania nacional".

O presidente da Aiab, Julio Shidara, calcula que a Boeing tenha contratado, em pouco mais de um ano, 200 engenheiros brasileiros. Esses profissionais atuavam sobretudo no alto escalão das empresas aeroespaciais do País, como Embraer, Akaer, Avibras, AEL Sistemas e Safran (EPA:SAF), entre outras. Na Boeing, eles trabalham em uma unidade de desenvolvimento instalada no Brasil.

Na ação civil pública, que está tramitando na 3ª Vara Federal de São José dos Campos, o advogado Leonardo Bissoli, do escritório Tojal Renault (EPA:RENA) - que representa as entidades -, pede que seja imposto um limite de 0,6% no total de engenheiros que a Boeing pode retirar de uma empresa brasileira, sob pena de multa por cada profissional que extrapole esse limite. Segundo Bissoli, esse número representa 10% da rotatividade de 6% que o setor da aeronáutica registra nos Estados Unidos e foi estabelecido considerando que apenas uma companhia está fazendo as contratações.

Os advogados ainda solicitam que a Boeing seja condenada a pagar o total investido pela Embraer e pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) em um programa de especialização de engenheiros na área aeroespacial. Os recursos seriam destinados a um fundo gerido por universidades que formam profissionais do setor. Ainda de acordo com o advogado, em um ano, esse programa de especialização demandou R$ 5 milhões.

Bissoli alega que as contratações feitas pela Boeing ameaçam fabricantes de satélites, de equipamentos de uso militar e desenvolvedoras de sistemas. Algumas perderam, em menos de um ano, 10% de seu time de engenheiros, sendo que esse número chega a 70% em departamentos específicos das companhias, diz ele.

"Esse tipo de ação pode parecer estranho se você imagina um setor normal da economia, mas o de defesa é diferente. Ele só tem um cliente, o Estado brasileiro, que estabelece proteção especial a empresas que considera estratégicas. Essas companhias exercem mais que uma atividade econômica, elas são o braço tecnológico para a defesa da soberania do Estado", acrescenta o advogado.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Ainda de acordo com a defesa das entidades, os profissionais que a Boeing já contratou participavam de projetos nas áreas de defesa e segurança e tinham acesso a informações "qualificadas" e "dados classificados" de projetos estratégicos para o país.

Shidara, presidente da Aiab, destaca que o caso da Embraer é ainda mais sensível, dado que a Boeing já teve acesso a informações confidenciais durante 2018 e 2020, período em que a empresa americana negociava a compra da divisão comercial da companhia brasileira.

Uma das intenções da Boeing, quando ela queria comprar a Embraer, era, inclusive, rejuvenescer sua equipe de engenheiros com profissionais brasileiros. O problema da falta de engenheiros na Boeing é conhecido no mercado e se acentuou após a pandemia, quando parte dos profissionais do setor se aposentaram e parte, após receber auxílio financeiro e se acostumar ao trabalho remoto, não quis voltar aos padrões pré-pandemia. Nos EUA, a empresa vem perdendo engenheiros para o setor de tecnologia.

Procurada, a Embraer afirmou que tem "conhecimento e apoia a ação civil pública movida pelas entidades contra a Boeing". "Seguiremos acompanhando os desdobramentos cientes de que este é um assunto de interesse nacional", destacou em nota. A Boeing não quis comentar o assuntou.

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações