ENTREVISTA: Carro por assinatura para pessoa física é aposta da Movida para 2021

Investing.com

Publicado 23.02.2021 20:02

Por Ana Julia Mezzadri

Investing.com - Os resultados do quarto trimestre confirmaram a hipótese da Movida (SA:MOVI3), de que a companhia poderia chegar a 2021 melhor do que previa antes da crise. 

Após a divulgação balanço, a ação da companhia fechou o pregão desta terça-feira (23) em alta de 0,05%, a R$ 18,80. O Ibovespa, por sua vez, terminou o dia em forte alta de 2,27%, aos 115.227 pontos.

Os números, que já mostravam sinais de recuperação no terceiro trimestre, continuaram sua escalada: a receita líquida superou os R$ 4 bilhões em 2020, sendo R$ 991 milhões no quarto trimestre e o lucro líquido do período bateu recorde de R$ 184 milhões.

Além disso, depois de ter retomado a expansão da frota no terceiro trimestre, a companhia continuou a adquirir novos carros, alcançando frota total de 118.285 carros ao fim do ano, alta de 8.624 em relação a 2019.

E o cenário é de mais crescimento pela frente: com a recuperação da economia e a força do mercado, a gestão da Movida se diz otimista com o que está por vir. E a maior aposta para esse futuro, segundo a administração, será o Zero Km, serviço de carros por assinatura para pessoa física a longo prazo.

Leia abaixo a entrevista com Edmar Lopes, diretor financeiro da Movida.

Investing.com - Quais são os destaques do balanço, na sua opinião?

Edmar Lopes: Tem vários destaques. Primeiro, mostramos uma forte recuperação de resultado em um ano de pandemia. Eu acho que companhia tem muito mérito por ter conseguido navegar em um ano bastante complexo e chegar ao quarto trimestre bem, e apontando para cima. Para mim esse é o grande destaque. O cenário continua complexo e a gente continua navegando bem. 

Outro destaque é o amadurecimento da própria companhia. Eu sempre falo que, para as empresas que conseguem sair, a crise é sempre boa, porque a companhia sempre sai melhor. 

Dito isso, estamos com as linhas de aluguel mostrando muita força. Na parte de RAC temos o carro ganhando espaço em relação a outros modais. O carro ganhou espaço em relação ao avião, ao ônibus... e isso continua. 

Na parte de frotas, incluímos o produto que lançamos durante a pandemia, de aluguel para pessoa física de longo prazo, o Zero Km. Os números do quarto trimestre já mostram esse produto ajudando o crescimento. 

Do ponto de vista de seminovos, nos beneficiamos do fato de as montadoras ainda estarem com um nível de produção aquém da demanda do mercado. Isso impulsionou os preços de maneira geral, seja de carros novos, usados ou seminovos, para cima. 

Então, se olharmos cada uma das torres do nosso negócio, podemos ver que, isoladamente, elas estão bem. No conjunto da obra essas forças se amplificam. 

Inv.com - Quais são as expectativas em relação ao mercado para o próximo trimestre e para 2021? 

EL: Estamos otimistas. Somos um ponto fora da curva, eu diria. Por exemplo, uma das cadeias em que estamos inseridos, a cadeia de turismo, está sofrendo muito. Avião, hotel, bares e restaurantes, agências de viagem, consolidadoras… Nós estamos bem. Então acreditamos que iremos continuar bem. 

Em terceirização de frota também. O segmento tem uma baixa penetração no Brasil, então vemos espaço para crescer. Em seminovos, acreditamos que a situação das montadoras só irá começar a se regularizar no segundo trimestre, o que de certa forma nos diferencia pela questão da pouca oferta. Estamos com boas perspectivas para 2021.

Inv.com - E para setores que sofreram um pouco mais, como aluguel em aeroportos?

EL: Foram compensados por outros segmentos, como pelo aluguel urbano para substituir ônibus, por exemplo. Do ponto de vista de demanda, houve um deslocamento. O bolo continuou grande e bom, mas com as fatias diferentes.

Inv.com - Mas vocês estão projetando recuperação para esses segmentos?

EL: Não. Nós monitoramos a quantidade de voos por aeroporto, mas seguimos a visão da própria indústria, de que 2021 não será um ano de recuperação plena. Então nos preparamos para isso. À medida que começarmos a ver mais voos e mais demanda, vamos colocando mais carros no aeroporto. Mas claramente hoje está aquém do que era antes da pandemia.

Inv.com - Houve expansão de frota mais uma vez. Isso deve continuar?

EL: Continua. O ritmo depende muito mais das montadoras do que de nós, então deve ser um ritmo mais lento no primeiro semestre e mais intenso no segundo semestre. Mas iremos crescer sim. Estamos com balanço, com liquidez, e com resultado para crescer pelo menos 25 mil carros. Eu diria que já dá para imaginar mais 30 mil carros de crescimento até o fim de 2021.

Inv.com - Passados os piores momentos da pandemia, o investimento forte no digital deve continuar?

EL: Sim, porque esse é um comportamento do consumidor que a pandemia só acelerou e exacerbou. Eu não tenho dúvida nenhuma que a digitalização é parte crucial nem do sucesso, mas da sobrevivência de uma empresa de aluguel de carros.

Inv.com - Vocês adquiriram recentemente a Vox Frotas. Quais devem ser os principais benefícios e sinergias?

EL: Foi uma aquisição de oportunidade. Olhamos outras alternativas no passado, mas o preço não fechava. Em um cenário mais complexo, o vendedor tende a ser menos agressivo no seu pedido e as coisas começam a fechar para o nosso lado. Esse é o fundamento da transação. A Vox é uma ótima empresa, tem ótimos clientes, ticket médio muito bom, margem muito boa e até mesmo já atua em clientes em que nós atuamos. Então é um negócio bom para nós. É um jeito de acelerar o crescimento sem depender das montadoras. 

Podemos fazer outras coisas dessa natureza? Podemos. Lembrando que há cerca de 8 mil locadoras de carros no Brasil. Mas sempre será algo muito sensível a preço e que faça sentido para a companhia. Tem que ter um portfólio bom e bom nível de serviço. Não temos nada no pipeline, mas é uma outra avenida de crescimento.

Inv.com - Quais são as principais apostas de crescimento para esse ano?

EL: A nossa maior aposta, sem dúvida, é o Zero Km. E não é só nossa, as nossas competidoras também estão apostando no aluguel mensal para pessoa física de longo prazo. 

Do ponto de vista de RAC, acreditamos bastante no nosso modelo focado na pessoa física, que sempre traz novos usos e novas percepções. Em GTF, o chamado B2B puro, há uma retomada da economia brasileira, que é lenta, mas existe, aliada à questão de a tentarmos penetrar mais no segmento de pequenas e médias empresas, que tem desafios próprios, mas que é um segmento subexplorado no Brasil.

Inv.com - Esse trimestre também foi movimentado no âmbito de ESG. Quais são os focos nessa frente?

EL: Recentemente emitimos um bond que tem como meta reduzir a intensidade de emissão de carbono em 30% em dez anos e, portanto, em 15% em 5 anos, porque trabalhamos nosso alvo de forma linear. Isso gera uma série de ações do nosso lado. Por exemplo, energia limpa em todas as lojas, que já estamos fazendo. 

Há também a questão do uso do etanol e da eletrificação de frota. Fechamos um acordo com a Nissan e trouxemos veículos elétricos à nossa frota, de novo a primeira empresa a sair com uma oferta dessa natureza. Esse é um projeto que vamos tocar com muito carinho ao longo dos próximos anos.

Mantivemos nossa permanência no ISE, também fruto do trabalho do ano passado, e ao final deste ano temos que nos recertificar como empresa B. Esse é um projeto grande que envolve a empresa toda e que só vamos saber o resultado lá no final. Mas não temos dúvida nenhuma de que esse é um projeto importante aqui.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações