Estatais: Analistas vêem perspectivas difíceis para Petrobras e BB

Investing.com

Publicado 17.11.2022 14:04

Atualizado 17.11.2022 14:19

Por Jessica Bahia Melo

Investing.com - As ações de empresas estatais continuam pressionadas. Com risco fiscal em alta e discursos sobre a necessidade de um uso “social” dessas companhias, a tendência é de que mesmo com múltiplos mais baixos e lucros altos, elas ainda sejam penalizadas. Segundo analistas consultados pelo Investing.com Brasil, os riscos de interferência do governo para alavancar a economia com controle de preço dos combustíveis e expansão do crédito ainda rondam essas empresas e trazem perspectivas difíceis para os papéis.

Às 14,15 (horário de Brasília), os papéis PN da Petrobras (BVMF:PETR4) recuavam 0,92%, cotados a R$26,90. Enquanto isso, os do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) caíam 3,26%, a R$34,10.

Há um mês, em 17 de outubro, as ações da Petrobras estavam cotadas a R$33,39, enquanto as do Banco do Brasil a R$39,49.

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Gustavo Pazos, Analista de Research da Warren, explica que o valuation das empresas estatais já estava precificando possíveis interferências mesmo antes das eleições. “O cenário não se alterou. O risco está precificado há muito tempo, foi convergindo para isso. A realidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) eleito foi ficando cada vez mais próxima e o mercado foi deteriorando os preços ao longo do tempo”.

Cristiane Fensterseifer, analista da Investe10, concorda com essa visão e lembra que as ações PN Petrobras chegaram a cair 8,47% um dia após a vitória do governo eleito no segundo turno, que ocorreu em 30 de outubro. Para a analista, o risco principal é uma alteração na política de reajuste dos preços dos combustíveis. A paridade internacional prevê flutuação nos preços conforme oscilações na cotação do petróleo e do dólar. “Hoje, temos a paridade com preços internacionais. Se o petróleo sobe e o dólar se valoriza, a Petrobras repassa esses preços. O grande risco é o PT fazer o que já fez em outros momentos, usar as estatais para segurar a inflação, com o governo retirando essa fórmula de reajuste, repassando menos, não acompanhando o mercado internacional para deixar a gasolina mais acessível. Isso, naturalmente, acaba corroendo o lucro das empresas. As estatais tiveram um grande aumento no lucro quando a fórmula foi respeitada”.

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No entanto, Fensterseifer pondera que o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) trocou a presidência da Petrobras em diversas oportunidades, realizando pronunciamentos de que não estava satisfeito com os preços dos combustíveis, quando as cotações apresentavam alta, puxadas pelas variações nos preços do petróleo. “Então há de se ressaltar que o presidente talvez tenha sim tentado fazer alterações na fórmula de preços, com as mudanças no comando da estatal, mas não conseguiu”. Segundo a analista, a Petrobras hoje é uma empresa que tem governança muito melhor depois do escândalo do Petrolão. “Vários mecanismos de governança foram aprovados e não é tão simples assim interferir na empresa. Claro que a gente sabe que nada disso é garantido, podem ser mudadas as regras. O resultado da empresa está muito bom, então há uma gordura para eventuais interferências. No momento, ela é uma das petroleiras mais baratas do mundo quando a gente olha os múltiplos. Todo esse risco de interferência já está bastante precificado”, detalha.

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Para o Banco do Brasil, o principal risco seria o uso da instituição financeira para concessão de crédito subsidiado, com taxas mais baixas do que seria o ideal, ou com risco de inadimplência maior. “Ficaria neutra nos papéis hoje em dia, sem posição de venda. Tem muitos riscos, mas os riscos já estão nos preços e resultados com lucros crescentes possuem uma margem uma gordura”, completa.

Enquanto houver indefinição sobre o comando das empresas estatais, assim como dos ministérios que podem influenciar nos preços, as ações devem continuar pressionadas, segundo Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank. “Ainda não sabemos nada do novo ministério, quem vai ser o presidente do Banco do Brasil, que política será adotada, quem vai ser o presidente da Petrobras. Pelas declarações que a gente ouviu, o dividendo deve cair e o investimento aumentar. Mas, de que forma? Isso precisa ainda ser mais esclarecido”, aponta.

André Luzbel, head de renda variável da SVN Investimentos, avalia que as perspectivas para estatais federais são ruins. Para ele, o governo eleito indicou que deve utilizá-las para benefício próprio, sem focar no lucro. “O governo já se posicionou que Petrobras e Banco do Brasil não deveriam dar o lucro que dão hoje, não é para agradar investidor, mas para agradar o social”, comenta. “O investidor quer comprar uma empresa que seja eficiente operacionalmente e que dê lucro, o máximo possível para que o investidor possa receber os dividendos”, lembra o head de renda variável. Por outro lado, algumas empresas estaduais podem seguir outro caminho. Com as chances de privatização da Sabesp (BVMF:SBSP3), o mercado vê com bons olhos as perspectivas, assim como a Copel (BVMF:CPLE6).

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Tese de Investimentos: Banco do Brasil (BBAS3) vale a pena em ano de eleições?

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