EXCLUSIVO-Petrobras recebe ofertas por refinaria da Bahia na quinta-feira, dizem fontes

Reuters

Publicado 24.06.2020 15:24

Atualizado 24.06.2020 20:40

Por Tatiana Bautzer e Carolina Mandl e Gram Slattery e Sabrina Valle

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO - A Petrobras (SA:PETR4) espera receber na quinta-feira ofertas vinculantes para a segunda maior refinaria do Brasil, conforme cinco pessoas com conhecimento do assunto, dando largada a planos de se desfazer de mais de 10 bilhões de dólares em ativos.

Se a venda da refinaria Landulpho Alves for concluída, este seria o primeiro passo concreto nas tentativas da Petrobras de encerrar seu quase monopólio de refino no Brasil e abrir um dos dez principais mercados de combustível do mundo para investidores privados.

Entre os possíveis candidatos a compradores estão o fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos, Mubadala Investment Co e a gigante de refino chinesa Sinopec.

O conglomerado indiano Essar Group, que possui operações de exploração em seu país e ativos de refino e distribuição de combustível na Grã-Bretanha, estava inicialmente interessado em uma refinaria menor da Petrobras, mas não se descarta que possa também concorrer à RLAM, disseram duas fontes.

Petrobras, Mubadala e Essar não quiseram comentar o assunto. A Sinopec não respondeu pedido de comentário.

Mais tarde, em comunicado após questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre a reportagem da Reuters, a Petrobras confirmou que receberá propostas pela refinaria na Bahia na quinta-feira, mas não forneceu detalhes adicionais.

A Petrobras planeja vender metade de sua capacidade de refino, ou oito refinarias, começando com a primeira unidade de combustível do Brasil, construída em 1950 e também conhecida como RLAM.

Mesmo que o monopólio da Petrobras tenha sido extinto por lei há duas décadas, a estatal manteve o controle de mais de 98% da produção de combustível do Brasil.

A unidade pode processar 323 mil barris por dia, ou cerca de 14% da capacidade total do Brasil, e será vendida em conjunto com dutos e terminais. A planta requer reformas, de acordo com uma das fontes.

A pandemia de Covid-19 afetou o valor das refinarias que a Petrobras pretende vender até 2021. Com as pessoas isoladas em casa, a demanda mundial por combustíveis caiu, com consequente queda no preço do petróleo.

Nenhum grupo interessado na compra no pré-pandemia recuou de seus planos, disse uma das fontes, mas preços foram recalculados.