Fábricas da GM em SP seguem paradas após "centenas" de demissões, dizem sindicatos

Reuters

Publicado 24.10.2023 16:07

Atualizado 24.10.2023 18:15

SÃO PAULO (Reuters) -Duas grandes fábricas de veículos da General Motors (NYSE:GM) em São Paulo seguem paradas após greve por tempo indeterminado iniciada na segunda-feira depois que a montadora norte-americana realizou demissões em massa no Estado, afirmaram sindicatos de trabalhadores nesta terça-feira.

As fábricas da GM em São Caetano do Sul (a principal da empresa), São José dos Campos e Mogi das Cruzes foram paralisadas depois que a companhia passou a enviar avisos de demissão a funcionários no final de semana passado. A companhia não informou o número de demitidos.

"Passou de 200 (funcionários demitidos)", disse o diretor-executivo do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Agamenon Alves, citando registros de telegramas recebidos por funcionários demitidos e trabalhadores que tiveram negadas credenciais de acesso à fábrica da empresa na cidade.

"Parece que deram uma segurada nos envios (de comunicações de demissão", acrescentou Alves ao ser questionado se a empresa seguiu reduzindo pessoal após as demissões do final de semana.

A fábrica da GM em São Caetano do Sul, que completou 90 anos de fundação em 2020, emprega cerca de 7.200 funcionários, dos quais 4 mil na produção, afirmou Alves. O ritmo de produção antes da paralisação era de 780 a 800 carros por dia, disse o sindicalista. Os modelos produzidos são o utilitário Tracker, a perua Spin e a picape Nova Montana.

Em São José dos Campos, onde a GM produz a picape S10 e o utilitário Trailblazer, além de motores e transmissões, 300 carros deixaram de ser produzidos desde segunda-feira, afirmou o vice-presidente do sindicato de metalúrgicos local, Valmir Mariano.

O dirigente não soube precisar número de demissões, mas afirmou que tratam-se de "centenas de pessoas, não são poucas".

Procurada, a GM confirmou as greves e reiterou que "a queda nas vendas e nas exportações levaram a General Motors a adequar seu quadro de empregados nas fábricas de São Caetano do Sul, São José dos Campos e Mogi das Cruzes". A empresa também repetiu que promoveu "várias tentativas" de solução para os desequilíbrios que incluíram lay off, férias coletivas, e proposta de plano de demissão voluntária.

A companhia afirmou ainda que as fábricas de Gravatai (RS), Joinville (SC) e Sorocaba (SP) "operam normalmente".

A fábrica da GM em Mogi das Cruzes produz peças estampadas e emprega entre 400 e 500 funcionários, segundo os sindicalistas.

Os cortes ocorrem em um momento em que a indústria nacional tem reclamado de importações crescentes de veículos, principalmente híbridos e elétricos por fabricantes asiáticos e que ainda são uma fração do mercado total nacional.

Também acontecem poucos meses depois que um programa do governo federal que concedeu 800 milhões de reais em incentivos tributários para venda de carros novos de até 120 mil reais foi encerrado após consumir todos os recursos.

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No acumulado deste ano até a setembro, a GM disputa a liderança em número de vendas no país, segundo dados da associação de concessionárias Fenabrave. O modelo Onix soma vendas de 70.746 unidades (60.582 no mesmo período de 2022) ante 71.927 unidades do Volkswagen (ETR:VOWG) Polo. No segmento comerciais leves, os modelos Montana e S10 estão entre os 10 mais vendidos no período, somando 41.775 unidades.

No geral, a GM acumula vendas de 236.309 veículos no Brasil nos primeiros nove meses deste ano, próxima das duas primeiras colocadas -- Fiat e Volkswagen. No mesmo período de 2022, a companhia vendeu 203.671 veículos, na vice-liderança do mercado no período.

Os sindicatos afirmam que a GM não respondeu até agora pedidos para uma reunião conjunta sobre as demissões, bem como autoridades do Estado de São Paulo e do governo federal. Em São José dos Campos, a companhia teria violado com os cortes um acordo vigente até maio do próximo ano que daria estabilidade de emprego aos funcionários, disse Mariano.

A paralisação dos trabalhadores em São Paulo acontece no mesmo momento em que metalúrgicos da GM nos Estados Unidos vinculados ao sindicato UAW também promovem greves em fábricas da companhia, cobrando reajuste salarial e benefícios trabalhistas.