FECHAMENTO: Ibov perde ganhos da semana com aversão ao risco no exterior e irritação de Guedes

Investing.com  |  Autor 

Publicado 14.06.2019 17:54

Investing.com - A expectativa de o Ibovespa retornar a atingir os almejados 100 mil pontos não se concretizou na sessão desta sexta-feira. Uma onda de aversão ao risco tomou conta na avaliação de risco dos investidores locais e internacionais devido a temores de recessão global com desdobramentos da disputa comercial EUA e China e novo desentendimento entre Executivo e Congresso na reforma da Previdência.

Indicadores econômicos dos EUA divulgados hoje minimizaram o temor de recessão, mas acabaram favorecendo o fortalecimento do dólar, que também foi favorecido com temores geopolíticos com o atentado a navios petroleiros no Oriente Médio, com os EUA acusando o Irã como autor dos ataques. Os ativos portos-seguros, desta forma, também se beneficiaram nesta sexta-feira.

Irritação de Guedes com Congresso ajudou a derrubar Ibovespa

O Ibovespa anulou os ganhos da semana com queda de 0,74% a 98.040,06 pontos nesta sexta-feira, com volume financeiro de R$ 16,6 bilhões e 51,52% dos papéis fechando no vermelho. Na semana, o índice teve uma ligeira alta de 0,06%.

O índice chegou a aprofundar a baixa para 1% após o ministro da Economia Paulo Guedes demonstrar irritação com o parecer da reforma da Previdência apresentada ontem na Comissão Especial da Câmara. O ministro disse que os deputados abortaram o projeto da Nova Previdência, apontando a retirada do projeto de capitalização.

Além disso, criticou a diminuição da economia estimada de R$ 1,2 trilhão em 10 anos proposto inicialmente pelo governo para, nos cálculos de Guedes, R$ 860 bilhões, além de não concordar com a exclusão de Estados e municípios. Sobre o aumento da alíquota da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) sobre os bancos, como uma forma de compensar a menor economia com a desidratação da proposta original, Guedes discordou e disse que impostos estão relacionados à política tributária. A elevação do CSLL contribuiu para o índice fechar no vermelho nesta sexta-feira.

O presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) rebateu e disse que o ministro foi “injusto” nas críticas, além de apontar que o governo é uma “usina de crises”. Maia defendeu os parlamentares, que, segundo ele, blindaram a Previdência das crises diárias provocadas pelo governo.

O receio dos investidores é o atrito gerar atraso na tramitação da reforma no Congresso. A expectativa do mercado é aprovação no plenário da Câmara antes do recesso, agora o temor é se o desentendimento pode leva-la para o plenário apenas no segundo semestre.

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IBC-BR

O Banco Central divulgou o IBC-Br nesta sexta-feira, considerado a prévia do PIB. Em abril, a atividade econômica retrocedeu 0,47%, alimentando a expectativa de corte de juros pelo Copom nas próximas reuniões. A expectativa era de um avanço de 0,2%.

Comparado a abril do ano passado, o IBC-Br também apresentou baixa, de 0,62%. No acumulado em 12 meses, houve uma expansão de 0,72%.

Valorização do dólar com dados econômicos bons nos EUA

O dólar subiu em relação ao real, movimento também observado em relação a outras divisas. A moeda americana se valorizou 1,16% a R$ 3,8992 nesta sexta-feira, maior alta em um mês. Na semana, a valorização foi de 0,59%.

O índice dólar, que mede a força da moeda americana contra uma cesta com seis divisas, também subiu no exterior, com alta de 0,53% a 97,53. A divulgação dos números do varejo e da produção manufatureira nos EUA diminuiu o receio de desaceleração da economia americana.

O varejo subiu 0,3% em maio e o dado de abril foi revisado para cima, uma sinalização de que o consumo está avançando. Já a produção manufatureira teve a primeira alta mensal no ano, subindo 0,2% também em maio.

A melhora nesses indicadores não diminuiu a expectativa de corte de juros pelo Fed. De acordo com o Monitor da Taxa de Juros do Fed do Investing.com, a probabilidade de ao menos um corte de 0,25 ponto percentual na reunião de julho é de 87%, enquanto a expectativa de dois cortes com o mesmo valor percentual na reunião seguinte está em 69,7%. Inflação moderada e indicativos de que o mercado de trabalho está esfriando guiam essas expectativas, além de desaceleração em outros países.

Dados ruins na China e no setor de chips derrubam índices

Contribuiu para a aversão ao risco nos mercados acionários o menor crescimento em 17 anos da atividade industrial chinesa em maio, que cresceu 5% em meio a tensões comerciais com os EUA. Além disso, a Broadcom, empresa produtora de chips, sinalizou desaceleração da demanda provocada pela disputa comercial e acendeu uma luz amarela às outras empresas do setor, derrubando os índices pelo mundo. Nos EUA, Dow Jones caiu 0,07%, S&P 500 desceu 0,16% e Nasdaq perdeu 0,52%.

Tensões geopolíticas aumentam demanda por ativos porto-seguros

O atentado contra dois navios petroleiros no Estreito de Ormuz, no Oriente Médio, e a autoria sendo apontada ao Irã pelos EUA renovou temores de um potencial conflito entre os americanos e iranianos. Os ativos portos-seguros tiveram sua demanda aumentada, como o título de 10 anos do Tesouro americano, cujos ganhos caíram para 2,084%. Quanto maior a demanda por esses títulos, seus ganhos são menores.

O ouro também subiu, com ritmo menor por causa dos dados econômicos favoráveis nos EUA. O metal dourado teve uma alta de 0,09% a US$ 1.344,95 a onça-troy.

Petróleo sobe com questão do Irã, mesmo com demanda menor

A Agência Internacional de Energia divulgou nova projeção de consumo mundial para o petróleo em 2019. A instituição reduziu em 100 mil barris por dia a expansão da demanda para o ano, creditando a disputa comercial pelo menor ritmo de crescimento esperado da demanda.

No entanto, a repercussão dos atentados contra os petroleiros influenciou para que a commodity fechasse em alta nesta sexta-feira. O WTI, negociado em Nova York, subiu 0,42% a US$ 52,49, enquanto o Brent, referência mundial cotado em Londres, teve uma alta de 1,17% a US$ 62,03.

Ações

- MAGAZINE LUIZA (SA:MGLU3) subiu 0,9%, após ter tido sua proposta de aquisição aprovada por uma assembleia de acionistas da Netshoes (NYSE:NETS) pelo equivalente a 115 milhões de dólares. Com isso, bateu uma oferta maior da Centauro, que avaliava a Netshoes em 127 milhões de dólares.

- BRADESCO PN (SA:BBDC4) cedeu 0,17% e ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) teve oscilação positiva de 0,03%, após perdas do setor na véspera, quando parecer da reforma da Previdência defendeu que alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos seja de 20%, em vez dos atuais 15%. SANTANDER BRASIL perdeu 0,3%. Para a XP Investimentos, se levada adiante, a proposta terá efeito negativo, porém limitado, sobre os bancos.

- BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) caiu 1,8%. A Reuters publicou citando fontes que o governo federal e a BB Seguros Participações planejam vender suas fatias na IRB Brasil (SA:IRBR3) Resseguros até julho por meio de uma oferta de ações que pode movimentar 8 bilhões de reais. IRB teve baixa de 2,5%.

-VIA VAREJO teve desvalorização de 1,4%. Nesta sessão foi realizado o leilão para de participação controladora na companhia detida pelo GPA (SA:PCAR4), a 4,90 por ação, segundo operadores do mercado. Por esse preço, a operação movimentou cerca de 2,3 bilhões de reais.

- SABESP (SA:SBSP3) perdeu 2,6%, após o secretário de Infraestrutura de São Paulo, Marcos Penido, afirma que capitalização da companhia de saneamento é mais viável no momento do que a privatização, mencionando que o marco regulatório do setor aguarda aprovação pela Câmara dos Deputados.

- PETROBRAS fechou com recuo de 0,4%. Empregados da empresa faziam greve de 24 horas em refinarias e terminais de 12 Estados, em protesto contra a reforma da Previdência e o programa de venda de ativos da petrolífera, afirmou a Federação Única de Petroleiros. A estatal informou ter tomado medidas para evitar impactos do movimento.

-VALE declinou 0,9%, refletindo o pessimismo com o setor de mineração e siderurgia brasileiro, que tem a China como um de seus principais mercados, após o país ter anunciado que teve em maio o pior desempenho industrial em 17 anos.

*Reuters contribuiu com essa matéria

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