Gaza inicia mês do Ramadã em crise por inflação e recessão econômica

EFE

Publicado 10.07.2013 15:59

Atualizado 11.07.2013 06:09

Saud Abu Ramadán.

Gaza, 10 jul (EFE).- O mês do Ramadã, sagrado para os muçulmanos, começou nesta quarta-feira na Faixa de Gaza em meio à forte inflação e da recessão econômica que assolam a região após seis anos de forte bloqueio israelense, além da atual instabilidade no Egito e do fechamento de túneis, por onde moradores burlavam o sistema e recebiam produtos mais baratos.

Em sua loja da capital Gaza, o comerciante Yamal Al Helou tem poucas esperanças para a que costuma ser uma das melhores temporadas de vendas. Neste ano, ele não espera que grandes multidões compareçam à loja, como costuma acontecer na data.

Após discutir com um cliente sobre o preço de um produto, Helou se lamenta que as pessoas entram na sua loja, "discutem o preço e depois saem sem comprar porque é mais caro do que esperavam. Não compram o que precisam para o Ramadã e levam apenas as coisas mais baratas".

O poder de compra do 1,7 milhão de habitantes da faixa, segundo ele, diminuiu consideravelmente nos últimos anos, o que fica visível no mês do Ramadã, em que as famílias costumam gastar para decorar suas casas e receber suas visitas ao cair da noite com muita comida.

"O comércio está muito fraco, não só em Gaza mas também, acho, na Cisjordânia, devido aos altos preços e à recessão da economia palestina devido à situação política instável e de segurança no Egito", disse o comerciante.

A fragilidade do comércio está clara não apenas no centro da capital Gaza, mas em toda a faixa, onde os comerciantes denunciam os "preços horrivelmente altos" que provocaram uma grande queda nas vendas.

O fechamento e a destruição de dezenas de túneis na zona de Rafah por parte das autoridades egípcias foi um dos fatores que gerou o aumento dos preços.

O Egito reforçou a segurança na fronteira nas últimas semanas, após os protestos populares e a queda do presidente islamita Mohammed Mursi, por um golpe do exército no último dia 3, a fim de evitar a infiltração de membros de grupos armados islamitas em seu território.

Desde que Israel impôs o bloqueio, em junho de 2007, os túneis são uma das principais vias de entrada de produtos. Apesar de serem ilegais para o Egito, o governo do movimento islamita palestino Hamas, que controla a faixa, regula seu funcionamento e taxa a entrada de bens.

"Os túneis ligados ao Egito são uma fonte de entrada de dúzias de produtos e seu fechamento provocou um problema econômico sério", disse à Agência Efe Maher Al Taba, funcionário da câmara de comércio de Gaza.

Segundo Al Taba, fechar os túneis "provocou uma séria escassez de vários produtos alimentícios, muitos deles utilizados intensivamente durante o Ramadã, como nozes, frutas secas e aperitivos, que ficaram muito mais caros".

Também diminuiu a quantidade da entrada de combustíveis de geradores elétricos, especialmente úteis nessa época, na qual grande parte da população dorme durante as horas diurnas de jejum e começa a vida no entardecer.

Muitas famílias recorrem aos mercados dos bairros mais humildes para fazer suas compras e encontrar produtos a preços mais baixos que nas lojas de seus próprios pais.

"O encarecimento dos alimentos básicos faz com que a pessoa tenha que pensar dez vezes antes de comprar algo", disse Mohammed Ramadan, pai de sete filhos, que ganha US$ 20 diários como taxista.

"Os bens que entram através dos cruzamentos fronteiriços controlados por Israel não são suficientes para melhorar a fragilizada economia", explicou à Efe Moen Rajab, professor de Economia aposentado de Gaza, que apontou que os túneis "são cruzamentos ilegais que nunca poderão satisfazer todas as necessidades da população, muito menos em época do Ramadã".

A dificuldade financeira das famílias é comum desde a imposição do bloqueio, que destruiu o tecido industrial, elevou o desemprego à 35% e fez com que cerca de 80% da população dependa de ajuda humanitária de alguma forma.

A queda do poder aquisitivo e o baixo fluxo de entradas "estão afetando de maneira muito negativa a felicidade com que os palestinos costumam receber o mês do Ramadã", disse à Efe o analista econômico de Ramala (Cisjordânia) Tareq al-Haj. EFE

sar-aca/ld/tr
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