Google aponta estratégia de defesa no maior julgamento antitruste em décadas

Reuters

Publicado 14.09.2023 17:48

WASHINGTON (Reuters) - O Google apresentou nesta quinta-feira um vislumbre de um dos principais pilares de sua defesa em um tribunal, ao apresentar dados que mostram que os usuários continuam a utilizar com satisfação seu mecanismo de busca quando pré-instalado em seus dispositivos e abandonam o Bing ou outros mecanismos que gostam menos.

Em julgamento iniciado na terça-feira, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos está argumentando que a Alphabet (NASDAQ:GOOGL), dona do Google, buscou acordos com operadoras de celular para ser o mecanismo de busca padrão em smartphones e dominar o setor. O governo dos EUA alega que esse julgamento antitruste, o maior em décadas, determinará o futuro da internet.

O governo concluiu o depoimento de Antonio Rangel, que leciona biologia comportamental no Instituto de Tecnologia da Califórnia, nesta quinta-feira. Rangel disse que os consumidores tendem a manter em seus computadores e telefones celulares os navegadores que são pré-instalados como aplicativo padrão.

O governo alega que o Google pagou anualmente 10 bilhões de dólares a empresas de telefonia sem fio, como AT&T (NYSE:T), fabricantes de dispositivos, como Apple (NASDAQ:AAPL), e desenvolvedores de navegadores, como Mozilla, para ser o mecanismo de busca padrão e evitar concorrentes, mantendo sua participação de mercado em torno de 90%.

Durante o depoimento de Rangel, o advogado do Google John Schmidtlein apontou casos em que um grande número de pesquisas de usuários ocorreram pelo serviço do Google mesmo quando o mecanismo de busca padrão era outro.

Schmidtlein também mostrou um documento interno da Microsoft (NASDAQ:MSFT) de alguns anos atrás sobre o uso de mecanismos de busca por pessoas que tinham um BlackBerry, um dos primeiros smartphones. Os BlackBerries da Verizon (NYSE:VZ) tinham o Bing como padrão e os da AT&T e da T-Mobile tinham o Yahoo, enquanto os aparelhos da Sprint tinham o Google como padrão, mostrou o arquivo.

Quando os usuários queriam fazer uma pesquisa, eles recorriam ao Google, independentemente do aplicativo padrão no dispositivo, de acordo com o documento.

O Google diz que o governo dos EUA está errado em afirmar que a empresa violou a lei para manter sua enorme participação de mercado, e argumenta que seu mecanismo de busca é amplamente popular devido à sua qualidade e que quaisquer pagamentos a empresas de telefonia sem fio ou outras foram uma compensação justa aos parceiros.