Ibovespa cai 0,62%, a 105.704,96 pontos, menor nível desde 13 de novembro

Estadão Conteúdo

Publicado 28.10.2021 14:57

Atualizado 28.10.2021 18:10

Ibovespa cai 0,62%, a 105.704,96 pontos, menor nível desde 13 de novembro

Em meio ao impasse sobre a votação da PEC dos Precatórios, com o governo parecendo encontrar dificuldade para reunir quórum para uma aprovação segura, o Ibovespa, o câmbio e os juros futuros voltaram a mostrar nervosismo nesta quinta-feira quanto à evolução do fiscal em 2022, no dia seguinte à elevação da Selic a 7,75% ao ano, com sinalização do Copom para outro aumento de 1,5 ponto porcentual em dezembro - indicação que não convenceu o mercado, que aposta em ajuste maior tanto em dezembro como em fevereiro.

Os dados sobre as contas públicas divulgados no início da tarde, com superávit primário em setembro, chegaram a contribuir para que o índice de referência da B3 (SA:B3SA3) oscilasse levemente para o positivo, mas o pessimismo voltou a se impor depois do meio da tarde, com pressão sobre o câmbio e a curva de juros.

Assim, o Ibovespa seguiu pelo terceiro dia no negativo nesta quinta-feira, ao fechar em baixa de 0,62%, aos 105.704,96 pontos, menor nível de encerramento desde 13 de novembro de 2020 (104.723,00). Na semana, cai 0,56%, cedendo 4,75% no mês e 11,19% no ano.

Moderado, o giro financeiro ficou em R$ 29,4 bilhões nesta véspera de fim de outubro, em que o Ibovespa parece irremediavelmente a caminho do quarta perda mensal seguida, algo não visto desde o intervalo entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014. Nesta quinta, oscilou entre mínima de 105.282,37 e máxima de 107.209,64, com abertura a 106.369,01 pontos.

"A curva de juros está indicando taxa de 12,40% para 2023. O BC continua atrás da curva e, sozinho, sem a âncora fiscal, não está conseguindo segurar a ponta longa. Os preços dos ativos estão cada vez mais baixos, mas o ruim sempre pode ficar pior", diz Ricardo Campos, CEO da Reach Capital. "O governo não está mostrando comando da base no Congresso, uma dificuldade que sempre teve. E se fala até em MP para estender auxílio emergencial. Sem a âncora fiscal, é preciso ver até onde irá a vontade, o apetite por reeleição, e as emendas parlamentares", acrescenta.

Combinada à leitura de anteontem sobre a arrecadação federal em setembro, no maior nível para o mês na série iniciada em 1995, o superávit primário no mesmo mês, ainda que conjuntamente à arrecadação não seja o suficiente para reverter temores sobre o fiscal, foi bem-vindo em dia no qual ressurgiram rumores quanto à prorrogação do auxílio emergencial na falta de apoio à PEC dos Precatórios, essencial à modelagem de financiamento ao Auxílio Brasil. Nesta quinta, mais uma vez a votação da PEC foi adiada na Câmara, agora para a próxima quarta-feira - "logo depois de feriado, quando se sabe como é difícil votar em semana com feriado", observa Campos, da Reach Capital.

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Em outro desdobramento negativo para esta quinta-feira, destaque também para nova leitura preocupante sobre a inflação, divulgada pela manhã, com o IGP-M acima do teto das projeções para outubro.

Assim, com a falta de horizonte claro sobre o fiscal, e inflação pressionada, no dia seguinte à deliberação do Copom o mercado de juros futuros já precifica dose maior de correção da Selic, para as reuniões de dezembro e fevereiro - o que afeta diretamente o apetite por renda variável, deixando em segundo plano a temporada em geral favorável de balanços do terceiro trimestre no Brasil, vistos já como retrovisor de percurso longínquo, descolando assim a B3 da reação positiva vista em Nova York para as empresas americanas.

"A alta de 1,5 ponto porcentual (na Selic ontem) e o compromisso de mais um aumento não foi suficiente para o mercado. Mostrou um BC reativo ao cenário econômico - inflação alta e aumento do risco fiscal -, e não proativo para antecipar os problemas. Somente acompanhar o rumo certamente fará o Copom 'correr atrás da curva'", observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

"Diante da piora recente da inflação no Brasil e no mundo, e dos acontecimentos recentes no palco político - no caso, a proposta do governo de alteração da regra do teto de gastos, que aumentou a percepção de risco fiscal -, alguns analistas esperavam um recado mais forte em relação ao controle inflacionário e aos próximos passos do Copom", aponta Rachel de Sá, chefe de Economia da Rico Investimentos.

"Em bom português: para os diretores do Banco Central, o risco fiscal que chamava atenção há bastante tempo, ainda não se concretizou de fato, mas as discussões sobre mudanças nas regras fiscais afetam a perspectiva de agentes na economia sobre onde os preços estarão no futuro - impactando o esforço do controle de preços", acrescenta Rachel.

À espera do balanço trimestral após o fechamento da quinta-feira, Petrobras (SA:PETR4) (ON +0,96%, PN +0,94%) foi a exceção positiva entre as empresas de maior liquidez. Na ponta do Ibovespa, destaque para Ambev (SA:ABEV3) (+9,72%), após resultados considerados fortes para o terceiro trimestre, seguida por BRF (SA:BRFS3) (+6,56%) e Klabin (SA:KLBN11) (+1,37%), movidas pelo dólar a R$ 5,6253 (+1,26%) no fechamento desta quinta-feira; entre as duas, Multiplan (SA:MULT3) (+1,77%). Na face oposta do Ibovespa, Americanas ON (-8,60%), Lojas Americanas (SA:LAME4) (-7,41%) e PetroRio (SA:PRIO3) (-7,26).

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