Ibovespa cai abaixo de 96 mil pontos com temor de recessão global; Vale desaba mais de 5%

Reuters

Publicado 14.07.2022 12:03

Atualizado 14.07.2022 13:10

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava mais de 2% nesta quinta-feira, caindo abaixo dos 96 mil pontos pela primeira vez desde novembro de 2020, contaminado pela queda de bolsas e commodities no exterior, em meio a persistentes preocupações com o ritmo da atividade econômica mundial.

Às 11:46, o Ibovespa caía 2,29%, a 95.643,6 pontos. Na mínima, chegou a 95.430,74 pontos, menor patamar intradia desde 3 de novembro de 2020. O volume financeiro no pregão somava 7,6 bilhões de reais.

Balanços de bancos norte-americanos com resultados piores do que o esperado pressionavam Wall St, fortalecendo preocupações com o risco de uma recessão, um dia após dados de inflação nos EUA endossarem apostas de que o Federal Reserve continuará sendo agressivo no aperto monetário da maior economia do mundo.

Em Nova York, o S&P 500 registrava baixa de 1,8%, com os números de JPMorgan (NYSE:JPM) e Morgan Stanley (NYSE:MS) sob os holofotes. Na véspera, dados mostraram que os preços ao consumidor saltaram 9,1% em 12 meses até junho, de 8,6% até maio, maior avanço desde novembro de 1981.

Para o analista do Swissquote Bank Ipek Ozkardeskaya, a inflação acima no nível psicológico de 9% fortifica a visão de que o Fed não hesitará em continuar com aumentos agressivos dos juros para reduzir a inflação, com o mercado já precificando chance razoável de alta de 1 ponto percentual neste mês.

"Isso resulta em um dólar mais forte, rendimentos (de títulos) mais elevados e venda adicional de ações", afirmou em comentários a clientes.

O BC norte-americano divulgará decisão de juros no próximo dia 27. Na última reunião, no mês passado, o Fed apertou o ritmo e elevou o juro norte-americano em 0,75 ponto percentual, para uma faixa entre 1,50% e 1,75%.

No Brasil, a atividade econômica contraiu em maio pelo segundo mês seguido, de acordo com o IBC-Br, divulgado pelo Banco Central nessa manhã, embora em um ritmo mais fraco do que o observado em abril na base mensal.

Para economistas da Genial Investimentos, estímulos fiscais, como a redução do ICMS em itens essenciais e a PEC dos Benefícios, darão impulso econômico adicional para o segundo semestre do ano, postergando os impactos mais significativos da política monetária sobre a atividade.

No campo fiscal, a Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira, em segundo turno de votação, a PEC dos Benefícios, ou "PEC Kamikaze" e "PEC da Reeleição" para os críticos, que amplia e cria novos programas de auxílio a menos de três meses das eleições de outubro.

DESTAQUES

- VALE ON (BVMF:VALE3) caía 5,6%, uma vez que os contratos futuros de minério de ferro caíram nesta quinta-feira, com a referência em Cingapura negociada abaixo de 100 dólares, o menor nível em oito meses, diante do aumento dos temores de que a demanda na China permanecerá deprimida no curto prazo.

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- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) perdia 3%, com o declínio dos preços do petróleo no exterior também pressionando. O contrato do Brent, referência para a companhia, caía 3,7%, a 95,88 dólares o barril. Ações de petrolíferas figuravam na ponta negativa do Ibovespa: PETRORIO ON recuava 6,7% e 3R PETROLEUM cedia 5,7%.

- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) caía 3,1% e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) recuava 2,7%, afetados pela aversão a risco generalizada. O Itaú também lançou nesta quinta-feira uma plataforma para negociação de tokens, enquanto avalia oferecer no futuro um serviço de compra e venda de criptomoedas a clientes de varejo.

- CYRELA ON (BVMF:CYRE3) registrava queda de 4,5% após prévia operacional de segundo trimestre, com alta de 4% nas vendas totais contratadas em relação ao mesmo período do ano anterior. MRV ON (BVMF:MRVE3), que também divulgou seus números, perdia 2,5%.