Ibovespa cai com cautela externa e pressionado por setor financeiro e Petrobras

Reuters

Publicado 26.04.2023 17:11

Atualizado 26.04.2023 17:45

Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuou nesta quarta-feira, influenciado por preocupações no exterior sobre a atividade econômica global e o setor bancário dos Estados Unidos, enquanto, localmente, o índice de inflação IPCA-15 veio um pouco abaixo do esperado, mas com pressão nos núcleos.

Petrobras e o setor financeiro foram os maiores pesos ao índice, enquanto Vale e RD (BVMF:RADL3) ficaram como destaques de alta.

O Ibovespa caiu 0,88%, a 102.312,10 pontos, na terceira queda consecutiva. O volume financeiro somou 18,6 bilhões de reais.

Para Adriano Yamamoto, head comercial da corretora do C6 Bank, predominaram na sessão os fatores externos. "Ações de setores mais ligados ao cenário global estão sofrendo como um todo", disse ele, dando exemplo de papéis ligados a commodities, exceção à Vale, que mostrou alguma recuperação no dia.

Em Nova York, o S&P 500 e o Dow Jones caíram 0,38% e 0,68%, respectivamente, diante de temores de recessão econômica. Uma nova derrocada das ações do First Republic Bank (NYSE:FRC) ainda elevou as preocupações com o setor bancário norte-americano.

O Nasdaq destoou e fechou em alta após resultados positivos de empresas de tecnologia, em especial da Microsoft (NASDAQ:MSFT).

Investidores agora devem observar dados de atividade econômica e inflação dos EUA nos próximos dias em busca de mais pistas sobre o caminho a ser tomado pelo Federal Reserve quanto à trajetória dos juros.

No Brasil, o índice de inflação IPCA-15 subiu 0,57% em abril, de acordo com IBGE, desaceleração frente a alta de 0,69% em março. O resultado veio abaixo do aumento de 0,61% esperado por analistas, com base em pesquisa da Reuters.

"A leitura do IPCA-15 de abril corrobora o cenário de desinflação em curso, embora as medidas de núcleo ainda sigam rodando acima do compatível com o cumprimento da meta de inflação", escreveu a equipe do Itaú.

A temporada de balanços local também está no radar, com a divulgação de resultados financeiros e prévias operacionais. Os números consolidados de Vale e 3R Petroleum são esperados para após o fechamento do mercado nesta quarta.

h2 DESTAQUES/h2

- GOL (BVMF:GOLL4) PN caiu 6,4%, a 6 reais, após ter subido até 6,9% na abertura, na esteira de resultado trimestral. A companhia aérea divulgou lucro líquido de 619,5 milhões de reais no primeiro trimestre, queda de 76,2% sobre o desempenho de um ano antes. A empresa, porém, apurou um Ebitda recorrente de 1,24 bilhão de reais, mais que o dobro do resultado obtido um no mesmo período de 2022. A rival AZUL PN (BVMF:AZUL4) cedeu 4,17%.

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- VALE ON (BVMF:VALE3) avançou 0,39%, a 70,27 reais, interrompendo sequência de quatro quedas seguidas, à medida que os contratos futuros de minério de ferro se recuperaram modestamente na bolsa de Cingapura, ainda que tenham ampliado as perdas em Dalian, na China. A mineradora divulga balanço trimestral após o fechamento do mercado.

- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) cedeu 1,02%, a 25,34 reais, enquanto BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) perdeu 1,46%, a 13,5 reais. Além dos temores com o setor bancário nos EUA, dados divulgados pelo BC também ficaram no radar. A autarquia disse que a inadimplência no segmento de recursos livres subiu a 4,6% em março, de 4,5% na leitura anterior. Já as concessões de empréstimos no país avançaram 24,2% na base mensal, em dado sem ajuste sazonal.

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) recuou 1,26%, a 26,75 reais, à medida que o petróleo Brent desabou 3,8% após dados mostrarem queda maior do que a esperada dos estoques da commodity nos EUA. PRIO ON cedeu 3,32% e 3R PETROLEUM ON (BVMF:RRRP3), que divulga balanço após fechamento do mercado, perdeu 1,81%.

- MRV ON (BVMF:MRVE3) avançou 6,89%, a 6,52 reais, com investidores de olho em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre ação que discute a forma de correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Essa foi apenas a segunda alta do papel nas últimas oito sessões.

- WEG ON (BVMF:WEGE3) recuou 1,06%, a 40,11 reais, após a fabricante de motores elétricos divulgar um lucro líquido de 1,3 bilhão de reais no primeiro trimestre, alta de 38,4% sobre o mesmo período do ano passado. A empresa mencionou desempenho positivo em grande parte dos negócios, embora o resultado operacional tenha vindo abaixo do esperado pelo mercado.