Panorama incerto sobre coronavírus impõe forte correção a ações brasileiras

Reuters

Publicado 28.02.2020 13:03

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava cerca de 2% nesta sexta-feira, ainda sob efeito da aversão a risco em razão da propagação do novo coronavírus e seu potencial impacto na economia global, chegando a perder momentaneamente os 100 mil pontos, enquanto caminha para a maior perda semanal desde a crise financeira global.

Às 13:00, o Ibovespa caía 1,96%, a 100.967,03 pontos. O volume financeiro somava 6,87 bilhões de reais. Na mínima, o Ibovespa chegou a 99.950,96 pontos, caindo abaixo dos 100 mil pontos pela primeira vez desde outubro de 2019.

Até o momento, o Ibovespa acumula uma queda de quase 12% na semana, mais curta em razão do Carnaval. Se confirmada, será a maior desvalorização semanal desde o último trimestre de 2008, ano marcado pela crise financeira global. No mês, a queda alcança cerca de 13%.

"O impacto econômico do surto de Covid-19 parece mais grave do que o inicialmente esperado", afirmaram Timothy Moe e Kinger Lau, do Goldman Sachs, em relatório a clientes.

O pânico relativo ao coronavírus já provocou um estrago de 5 trilhões de dólares nos mercados globais.

O chefe da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou nesta sexta-feira que o risco de disseminação e impacto do coronavírus agora é muito alto em um "nível global".

A proximidade do fim de semana reforçava posições mais defensivas, com muitos agentes financeiros ainda destacando o cenário nebuloso sobre o tamanho ou a duração do surto.

"É difícil vislumbrar o que poderia fornecer certeza suficiente para impedir o medo de vencer antes do fim de semana", destacou Jasper Lawler, chefe de pesquisa no London Capital Group, chamando a atenção para dados de atividade de serviços e setor manufatureiro na China no sábado.

No Brasil, onde até o momento apenas um caso foi confirmado, o Ministério da Economia deve revisar a previsão de alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 devido aos efeitos do surto de coronavírus no mundo e no Brasil, de acordo com o jornal Estado de S.Paulo nesta sexta-feira.

O secretário especial da Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, disse que o efeito do coronavírus sobre a economia brasileira é mais direto e liquidamente negativo do que escalada do dólar.

DESTAQUES

- VIA VAREJO ON perdia 6,4% e MAGAZINE LUIZA ON (SA:MGLU3) perdia 4,8%, pressionadas pelas perspectivas de menor crescimento no país, uma vez que o setor vinha encontrando apoio no cenário de retomada da atividade brasileira. Dados também mostraram aumento no desemprego do país em janeiro sobre dezembro. NATURA&CO ON caía 5,6%.

- PAGSEGURO (NYSE:PAGS) recuava 8,15% no mercado norte-americano após reportar alta de 29,4% no lucro líquido do quarto trimestre ante mesmo período do ano anterior, para 391,9 milhões de reais. No setor de meio de pagamentos, CIELO ON (SA:CIEL3) subia 0,3% e STONE recuava 5,6%.

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- GOL (SA:GOLL4) PN e AZUL PN (SA:AZUL4) cediam 5,1% e 4,4%, ainda afetadas pelas preocupações sobre a demanda de viagens em razão da disseminação global do coronavírus, com empresas aéreas europeias já alertando sobre lucros e demanda menores. O setor aéreo local ainda é enfraquecido pela alta do dólar ante o real, para níveis recordes. CVC (SA:CVCB3) BRASIL ON perdia 2,6%.

- PETROBRAS PN (SA:PETR4) e PETROBRAS ON (SA:PETR3) recuavam 1,6% e 1,9%, respectivamente, acompanhando a queda dos preços do petróleo no mercado internacional.

- VALE ON (SA:VALE3) tinha queda de 2,05%, com os contratos futuros de minério de ferro na China ampliando as perdas nesta sexta-feira para marcar sua primeira queda mensal desde outubro, com o rápido crescimento do coronavírus alimentando os temores de uma recessão global.