Ibovespa fecha na máxima desde abril de 2022 à espera do BC; Petrobras ajuda

Reuters

Publicado 21.06.2023 17:04

Atualizado 21.06.2023 17:25

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira, acima dos 120 mil pontos pela primeira vez desde abril de 2022, em sessão marcada por expectativas para a decisão de política monetária do Banco Central, em especial sinais sobre o rumo da Selic à frente, tendo Petrobras entre os principais suportes.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,67 %, a 120.420,75 pontos, máxima de fechamento desde 4 de abril de 2022. No melhor momento do dia, chegou a 120.518,52 pontos. Na mínima, a 119.332 pontos.

O volume financeiro no pregão somou 27,8 bilhões de reais.

O Comitê de Política Monetária do BC anuncia ainda nesta quarta-feira desfecho de sua reunião de dois dias, e em meio a apostas de manutenção da Selic em 13,75% o comunicado deve concentrar as atenções, em especial após o mercado ter migrado recentemente as apostas do primeiro corte de juros para agosto.

"Esperamos que o Copom altere alguns elementos de sua comunicação, começando a dar sinais na direção de início do ciclo de cortes de juros", afirmaram economistas do Bradesco, estimando manutenção da Selic em 13,75% nesta reunião, com o primeiro corte ocorrendo entre agosto e setembro.

A equipe de economia do Itaú Unibanco também vê o BC mantendo a Selic em 13,75% e ajustando sua comunicação, mas avalia que a autoridade monetária ainda não sinalizará que um corte de juros é iminente, conforme relatório a clientes, em que afirma ver o início dos cortes apenas em setembro.

Na bolsa, a perspectiva de queda da Selic no segundo semestre tem apoiado um desempenho mais positivo no pregão, com estrangeiros reforçando tal movimento nas últimas semanas. Dados da B3 (BVMF:B3SA3) mostram que as compras de estrangeiros superam as vendas em quase 7,7 bilhões de reais neste mês até o dia 19.

De acordo com estrategistas do JPMorgan (NYSE:JPM), a maior parte da alta no último mês refletiu cobertura de posições vendidas, em meio a um maior otimismo com o cenário macro. "Os estrangeiros demoraram um pouco para entrar, mas o fizeram de maneira grande e rápida nos últimos dias", observara.

Para Emy Shayo e Cinthya Mizuguchi, conforme relatório enviado a clientes, o fluxo de recursos para o mercado acionário brasileiro deve continuar a se consolidar, embora elas ponderem que seja necessário ver um fim dos fortes resgates que ainda estão sendo observados nos fundos dedicados a ações locais.

Na expectativa do Copom, o avanço da nova regra fiscal no Senado também esteve no foco, com aprovação do texto na Comissão de Assuntos Econômicos. A proposta agora irá ao plenário, para ser votada provavelmente ainda nesta quarta, mas com mudanças que podem obrigar o retorno da matéria à Câmara dos Deputados.

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No exterior, em depoimento a parlamentares no Capitólio, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que novos aumentos de juros pelo BC norte-americano são "um bom palpite" sobre para onde a autoridade monetária dos Estados Unidos está indo se a economia continuar em sua direção atual.

Ao final de três horas de audiência perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados, Powell disse que não caracterizaria a decisão do Fed na semana passada de não aumentar a taxa básica de juros como uma "pausa", e destacou o fato de que a maioria das autoridades vê mais dois aumentos de 0,25 ponto percentual como prováveis ​​até o final do ano.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou em baixa de 0,5%.

h2 Destaques/h2

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) avançou 4,19%, a 31,85 reais, renovando máximas históricas, em meio à percepção de redução de riscos envolvendo a companhia. Na véspera, o Goldman Sachs (NYSE:GS) elevou a recomendação dos papéis, seguindo movimento já realizado por outros analistas. A performance no dia ainda teve como pano de fundo a alta do petróleo no exterior, com o Brent fechando em alta de 1,6%.

- VALE ON (BVMF:VALE3) caiu 1,01%, a 66,93 reais, uma vez que os futuros do minério de ferro na Ásia ampliaram a queda nesta sessão. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações diurnas com queda de 1%, a 797,50 iuanes (110,86 dólares) por tonelada métrica. Na Bolsa de Cingapura, o contrato de referência recuou 2%.

- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) valorizou-se 0,97%, a 29,04 reais, enquanto BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) cedeu 0,23%, 17,25 reais.

- YDUQS ON (BVMF:YDUQ3) fechou em alta de 4,57%, a 20,35 reais, tendo como pano de fundo relatório de analistas do Bank of America (NYSE:BAC) elevando a recomendação das ações do grupo de educação para "compra", bem como o preço-alvo para 24 reais. Entre os argumentos, citaram forte "momentum" para os resultados, além de uma posição de caixa saudável para 2023 e melhoria da dinâmica do capital de giro.

- EMBRAER ON (BVMF:EMBR3) perdeu 7,42%, a 17,83 reais, mais uma vez entre as maiores perdas do Ibovespa, com o noticiário relacionado à Paris Airshow não sendo suficiente para estimular compras. Nesta quarta, a Embraer informou que está voltando ao mercado chinês com um acordo para converter jatos de passageiros em cargueiros em parceria com uma empresa da cidade de Lanzhou.