Ibovespa fecha quase estável em dia de ajustes e deve encerrar janeiro no azul

Reuters

Publicado 30.01.2023 18:31

Atualizado 30.01.2023 21:46

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou quase estável nesta segunda-feira, em mais uma sessão de ajustes, com Raízen entre as maiores quedas após venda de participação de acionista, enquanto Arezzo&Co (BVMF:ARZZ3) capitaneou as altas apoiada em perspectivas favoráveis de curto e longo prazos.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,04%, a 112.273,01 pontos, após oscilar entre a mínima de 111.823,63 pontos e a máxima de 112.920,30 pontos. O volume financeiro somou 20,8 bilhões de reais.

Uma agenda relevante nesta semana, incluindo decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, corroborou o tom mais comedido nos negócios, enquanto agentes financeiros também continuam avaliando os sinais enviados pelo novo governo, principalmente no campo fiscal.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira ver uma enorme oportunidade na agenda fiscal, com reforma tributária e novo arcabouço, destacando que a questão fiscal é pressuposto do desenvolvimento econômico.

A temporada de balanços trimestrais também está no radar dos investidores nesta semana, com números das BigTechs Amazon (NASDAQ:AMZN), Apple (NASDAQ:AAPL), Alphabet (NASDAQ:GOOGL) e Meta nos Estados Unidos, enquanto, no Brasil, Santander Brasil divulga seu resultado na quinta-feira, antes da abertura.

Para o diretor de investimentos da Reach Capital, Ricardo Campos, o movimento nesta segunda-feira reflete realização de lucros, uma vez que janeiro foi um mês "muito bom". No Brasil, o Ibovespa acumula elevação de 2,31% no mês, mas chegou a se aproximar dos 115 mil pontos no último dia 26.

Operadores e analistas têm atribuído essa performance principalmente ao fluxo de capital externo para as ações brasileiras. Dados da B3 (BVMF:B3SA3) até o dia 26 referendam tal premissa, uma vez que mostram as compras por estrangeiros superando as vendas em 9,9 bilhões de reais em 2023.

Campos ainda chamou a atenção para a "super quarta", com decisões do Federal Reserve nos EUA e do Copom no Brasil, e para a "super quinta", com reuniões dos bancos centrais da zona do euro e da Inglaterra, como componentes que ajudam a frear posições mais agressivas no mercado.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou em baixa de mais de 1%.

DESTAQUES

- RAÍZEN PN caiu 4,97%, a 3,25 reais, após "block trade" para a venda de cerca de 330 milhões de ações (24,32% dos papéis em circulação no mercado), a 3,15 reais cada. Em relatório, analistas da XP (BVMF:XPBR31) afirmaram que o leilão era para a Hédera, do Grupo Louis Dreyfus, ex-controlador da Biosev (BVMF:BSEV3), vender sua participação integral na joint venture entre Shell (NYSE:SHEL) e Cosan (BVMF:CSAN3). Eles ponderaram que precisa ser esclarecido se a razão por trás da venda é por preocupações macro, como incertezas relacionadas à política de preços da Petrobras, ou algo específico envolvendo a companhia.

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- AREZZO&CO ON avançou 6,36%, a 88,11 reais, e GRUPO SOMA ON valorizou-se 2,52%, a 10,17 reais. Analistas do BTG Pactual (BVMF:BPAC11) reiteraram recomendação de "compra" para ambas, em amplo relatório do setor de varejo de vestuário e calçados, afirmando que são, em conjunto com Track&Field, as principais recomendações estruturais da casa no setor. Eles enxergam nas três forte impulso de curto prazo, exposição à recuperação mais rápida do consumo por famílias de alta renda, propostas omnicanal e sólidas perspectivas de crescimento da longo prazo. TRACK&FIELD ON, que não está no Ibovespa, subiu 0,45%. Em contrapartida, os analistas cortaram a recomendação de C&A (BVMF:CEAB3) ON, que fechou em baixa de 7,07%, a 2,89 reais.

- CVC (BVMF:CVCB3) BRASIL ON desabou 14,4%, a 4,4 reais, em dia de correção após avançar cerca de 23% na semana passada. A operadora de turismo divulgou na sexta-feira, após o fechamento, que encerrou as negociações para compra das operações da startup de turismo Ōner Travel.

- NATURA&CO ON subiu 5,49%, a 13,65 reais, disparando a 14,94 reais no melhor momento, após notícia da Bloomberg de que a LVMH e a L'Oréal (EPA:OREP) estão entre as empresas que avaliam uma oferta pela Aesop, controlada pela brasileira e avaliada em 2 bilhões de dólares ou mais, segundo a reportagem. Analistas do Citi destacaram que uma avaliação mais alta para a Aesop pode gerar um sentimento positivo para Natura&Co. Eles estimam que uma venda de participação de 25%, assumindo dívida líquida zero, nesse "valuation" ajudaria a reduzir a relação dívida líquida/Ebitda pro forma do grupo para 2 vezes. Em relatório com análise gráfica, o Itaú BBA disse ser "um bom momento de embolsar os ganhos" de operação de compra sugerida no último dia 24 após a ação atingir nesta sessão a região de 14,50 reais. A cotação na abertura da operação era de 13,13 reais.

- CIELO ON (BVMF:CIEL3) recuou 4,78%, a 4,98 reais, após atingir no último pregão uma máxima intradia desde 9 de novembro do ano passado, a 5,45 reais. No ano passado, a ação subiu 142%.

- MAGAZINE LUIZA ON (BVMF:MGLU3) fechou em baixa de 3,75%, a 4,36 reais, com agentes financeiros colocando no bolso parte dos ganhos acumulados no mês até a véspera, de mais de 65%, com o papel impulsionando pelos problemas contábeis envolvendo a Americanas, que culminaram com o pedido de recuperação judicial da rival. Analistas veem o Magalu ganhando participação de mercado. No setor, VIA ON cedeu 2,48%, enquanto AMERICANAS ON, que não está mais no Ibovespa, avançou 20,83%, a 1,45 real. Antes do anúncio sobre as inconsistências contábeis, a ação era negociada a 12 reais.