Ibovespa perde fôlego e cai abaixo dos 100 mil pontos pela 1ª vez desde julho de 2022

Reuters

Publicado 23.03.2023 12:22

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa perdia o fôlego nesta quinta-feira, trabalhando abaixo dos 100 mil pontos pela primeira vez em nove meses, com as varejistas Magazine Luiza e Via entre as maiores quedas, após o Banco Central sinalizar que há pouco espaço para corte de juros no país.

Às 12:11, o Ibovespa caía 0,47 %, a 99.747,83 pontos. Mais cedo, endossado por Wall Street e refletindo ajustes, chegou a 101.125,76 pontos. O volume financeiro somava 7 bilhões de reais.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manteve na véspera em 13,75% ao ano, reforçando que "irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deterioração adicional".

Além dos reflexos no custo do dinheiro em si, o posicionamento da autoridade monetária corrobora receios sobre um acirramento da tensão entre governo e BC, uma vez que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem pressionando a instituição em razão do nível da Selic.

"No mercado, há a percepção de que a temperatura entre o presidente Lula e o BC esquentará ainda mais, com potencialmente mais troca de farpas, pressão e críticas, o que pode contaminar o cenário", observou o superintendente da Necton/BTG Pactual, Marco Tulli.

"As medidas recentes do governo vão contra o movimento feito pelo Copom, que na véspera foi mais duro do que o governo esperava", acrescentou.

O comunicado do BC reforçou a visão de grandes bancos de que reduções na Selic ficarão para o segundo semestre do ano, possivelmente só no final desse período.

Para o economista-chefe da Mirae Asset Wealth Management (Brazil) CCTVM, Julio Hegedus Netto, será inevitável o escalonamento das tensões entre BC e governo Lula, conforme relatório enviado a clientes nesta quinta-feira.

"Havia todo um debate em torno de como o BCB iria responder às 'demandas' do governo. Se cedesse, sinalizando redução da Selic neste ano, poderia mostrar perda de autoridade, se mantivesse uma conduta mais 'hawkish', como acabou ocorrendo, seria interpretado como intransigente na defesa da autonomia e atuação como 'guardião da moeda'. Optou pela segunda opção."

Hegedus Netto acrescentou que "a impressão que se tem é que, nesta escalada, quanto mais o governo 'protestar' contra a política de juros, mais o BC deve endurecer, isso, claro se piorarem as expectativas fiscais e inflacionárias".

Ele avalia que, para que a paz seja estabelecida entre governo e BC, será importante realmente um avanço concreto no encaminhamento do ajuste fiscal, e um arcabouço fiscal consistente e abrangente.

Análise técnica do Itaú BBA também apontou mais cedo que, após a queda da véspera, o Ibovespa abriu caminho para mais quedas em direção aos 97.000 e 95.200 pontos.

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"Existe alguma expectativa para reverter esse cenário? Sim, mas será preciso superar a primeira resistência em 102.500 pontos para iniciar um repique, que poderá estender até a região de 106.700 pontos. A partir daí, então, é que veremos um alívio de fato", afirmaram Fábio Perina e equipe em relatório.

Para abandonar a tendência de baixa, contudo, eles afirmaram que o Ibovespa precisa ultrapassar os 106.700 pontos.

Nos Estados Unidos, Wall Street tinha uma sessão positiva, o que endossou os ganhos no pregão brasileiro mais cedo.

DESTAQUES

- MAGAZINE LUIZA ON (BVMF:MGLU3) recuava 10,31%, a 3,22 reais, e VIA ON perdia 4,52%, a 1,9 reais, conforme a decisão e a sinalização do BC minaram apostas de um alívio no aperto monetário mais cedo no Brasil, desencadeando um ajuste para cima na curva futura de juros.

- GOL (BVMF:GOLL4) PN cedia 6,77%, a 6,2 reais, e AZUL PN (BVMF:AZUL4) caía 5,29%, a 11,63 reais, afetadas também pela alta do dólar ante o real.

- MINERVA ON (BVMF:BEEF3) avançava 2,74%, a 11,61 reais, após a China concordar em retomar imediatamente as importações de carne bovina brasileira com menos de 30 meses. JBS ON (BVMF:JBSS3) tinha alta de 0,54%, enquanto MARFRIG ON (BVMF:MRFG3) caía 3,12%.

- NATURA&CO ON (BVMF:NTCO3) subia 0,75%, a 13,43 reais, apoiada em expectativas relacionadas a desinvestimento pela fabricante de cosméticos. De acordo com reportagem do Valor Econômico, citando fontes a par do assunto, a empresa está perto de ter oferta firme pela Aesop, marca de luxo da companhia.

- BRASKEM PNA (BVMF:BRKM5) recuava 3,71%, a 16,85 reais, após divulgar prejuízo líquido no quarto trimestre do ano passado acima da perda registrada um ano antes, em um resultado marcado por demanda e margens menores. A receita líquida caiu 33%. A petroquímica também prevê investimento menor em 2023 em estratégia de preservação de caixa em um ambiente de demanda pressionada.

- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) subia 0,04%, a 23,75 reais, enquanto BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) abandonou o sinal positivo registrava declínio de 1,92%, a 12,77 reais.

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) cedia 0,34%, a 23,25 reais, apesar da melhora dos preços do petróleo no exterior. O UBS cortou no preço-alvo da ação de 22 para 20 reais, com manutenção da recomendação de venda. O conselho de administração da Petrobras também aprovou na véspera os novos diretores da estatal.

- VALE ON (BVMF:VALE3) operava estável, a 81,68 reais, em dia negativo para os futuros do minério de ferro na Ásia. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange (DCE) encerrou as negociações diurnas com recuo de 2,01%, a 854 iuanes (125,25 dólares) a tonelada, no menor nível desde 14 de fevereiro.

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