Ibovespa perde fôlego e mantém sinal negativo em agosto pressionado por Vale

Reuters

Publicado 10.08.2023 17:12

Atualizado 10.08.2023 18:05

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou com um declínio modesto nesta quinta-feira, mas registrando a oitava sessão consecutiva de queda, perdendo fôlego na segunda etapa do pregão com a piora de Vale, em mais um dia repleto de resultados corporativos, com Grupo Soma (BVMF:SOMA3) e Rede D'Or (BVMF:RDOR3) entre as maiores perdas e Azul e Hapvida na ponta positiva.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,05%, a 118.349,6 pontos. Na máxima, chegou a 119.438,15 pontos. No pior momento, cedeu a 118.112,68 pontos. O volume financeiro somou 23,7 bilhões de reais.

A última vez em que o Ibovespa recuou por oito sessões foi em junho do ano passado. Mais do que isso, apenas em fevereiro de 1995, quando fechou em baixa por nove pregões seguidos.

A correção de baixa ocorre após quatro meses de alta, em que o Ibovespa contabilizou um ganho de quase 17%, e acompanha o movimento dos investidores estrangeiros na bolsa paulista. Até o dia 8, o saldo de capital externo estava negativo de 5,5 bilhões de reais em agosto, sem considerar dados de ofertas de ações. "Com diversos balanços sendo divulgados, investidores podem estar ajustando suas posições, enquanto vivemos um período de indefinição sobre o cenário econômico brasileiro", disse o analista da Terra Investimentos Luis Novaes, acrescentando que o andamento das reformas até o momento já foi embutido nos preço.

Além dos novos balanços e dados econômicos, acrescentou, o mercado deve estar observando o andamento da situação fiscal no Brasil e uma sinalização mais clara sobre a trajetória dos juros, para atingir patamares maiores de valorização.

Novaes ainda ressaltou que as expectativas são baixas quanto a um impulso econômico no exterior, o que afeta negativamente a visão do investidor estrangeiro quanto aos mercados emergentes.

Nesta sessão, dados de preços ao consumidor nos Estados Unidos também ocuparam as atenções, apoiando apostas de que o Federal Reserve pode não mudar os juros em setembro. Mas eles foram insuficientes para manter o fôlego em Nova York, com o S&P 500 fechando quase estável.

h2 Destaques/h2

- AZUL PN (BVMF:AZUL4) saltou 9,83%, a 18,22 reais, após reportar prejuízo líquido ajustado de 567 milhões de reais no segundo trimestre, menor que o resultado negativo de 721 milhões sofrido no mesmo período do ano passado. Em termos operacionais, o Ebitda somou 1,16 bilhão de reais entre abril e o final de junho, salto de cerca de 88% sobre o desempenho de um ano antes. A margem no período evoluiu de 15,7% para 27,1%. A alavancagem medida pela relação dívida líquida sobre Ebitda despencou de 5,2 vezes para 4,2 vezes. No setor, GOL (BVMF:GOLL4) PN subiu 6,27%.

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- BRASKEM PNA (BVMF:BRKM5) disparou 6,84%, a 24,99 reais, conforme segue vulnerável a notícias envolvendo venda de participação relevante na companhia.

- HAPVIDA ON (BVMF:HAPV3) saltou 6,05%, a 5,26 reais, mesmo após queda de 8% no lucro líquido ajustado do segundo trimestre ano a ano, para 221,6 milhões de reais. Na base trimestral, porém, a operadora de saúde teve um resultado 571% maior. O Ebitda ajustado avançou 4,1% na comparação ano a ano e a receita líquida subiu 12,4%. Analistas do Itaú BBA avaliaram positivamente o balanço e eleogiaram o compromisso da empresa com a implementação de aumentos de preços para seus planos corporativos, apesar da pressão sobre o crescimento orgânico no curto prazo.

- GRUPO SOMA ON afundou 7,68%, a 9,98 reais, após a dona de marcas como Animale, Farm e Hering (BVMF:HGTX3) reportar queda de 21,9% no lucro líquido ajustado do segundo trimestre. A receita líquida subiu 7,4%, mas a margem bruta caiu 1,8 ponto percentual, para 57,5%. Na teleconferência sobre o balanço, segundo relato de analistas do Citi, a empresa indicou que a tendência positiva de vendas observada em junho continuou em julho. No entanto, acrescentaram, a administração preferiu não aumentar as expectativas sobre o trimestre ainda, que é afetado por remarcações. No setor, LOJAS RENNER ON (BVMF:LREN3) valorizou-se 2,3%.

- REDE D'OR ON caiu 4,92%, a 32,27 reais, após divulgar lucro líquido de 435,4 milhões de reais no segundo trimestre, alta de 21,5%. Em teleconferência sobre o resultados, executivos da rede de hospitais afirmaram que conversas sobre aquisições começam a ganhar mais tração. Também veem espaço para expansão de margem e tíquetes crescendo acima da inflação nos próximos trimestre.

- ULTRAPAR ON (BVMF:UGPA3) fechou em baixa de 3,5%, a 18,5 reais, com o balanço do segundo trimestre mostrando lucro líquido de 239 milhões de reais no segundo trimestre, enquanto o Ebitda ajustadou somou 964 milhões de reais. Analistas do Goldman Sachs (NYSE:GS) afirmaram que os resultados do conglomerado foram mais fracos do que o esperado, afetados principalmente por uma margem Ebitda menor na Ipiranga devido a um cenário de excesso de oferta.

- BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) subiu 0,51%, a 46,97 reais, após reportar lucro líquido ajustado de 8,79 bilhões de reais no segundo trimestre, avanço de 11,7% ano a ano, apesar do aumento de provisões. Também revisou estimativas para o ano, incluindo a projeção de crescimento de sua carteira de crédito, para o intervalo de 9% a 13%, de 8% a 12% anteriormente, e elevou nível de risco de crédito de Americanas (BVMF:AMER3). Em teleconferência sobre o resultado, executivos do banco disseram estar vendo o segundo semestre como "bastante favorável" para a implementação de sua estratégia de crescimento no crédito à pessoa física e empresas. No setor, ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) avançou 0,33% e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) ganhou 0,85%.

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) fechou em alta de 0,56%, a 30,63 reais, a despeito da queda do petróleo no exterior. Mais cedo, analistas do Citi cortaram a recomendação dos ADRs da Petrobras, para "neutra", e reduziram o preço-alvo de 19 para 14 dólares, citando aumento de ceticismo quanto à continuidade da estratégia em andamento e até então bem-sucedida da empresa dada a visão da nova administração sobre política de preços, dividendos e investimentos.