Ibovespa recua com exterior ainda negativo e receio de novo "março de 2020"

Reuters

Publicado 29.10.2020 11:19

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista ampliava nesta quinta-feira as perdas da semana e ameaçava a recuperação de outubro, dado o cenário externo ainda avesso a risco por causa do avanço do coronavírus , com agentes financeiros também repercutindo uma bateria de resultados corporativos.

Às 10:59, o Ibovespa caía 0,75%, a 94.654,95 pontos. Na mínima, chegou a 93.386,55 pontos. O volume financeiro nesta quinta-feira era de 6,1 bilhões de reais.

Na véspera, o Ibovespa fechou em queda de 4,22%, a 95.399,45 pontos, a maior perda diária percentual desde abril, em meio a temores de que o crescimento de casos de Covid-19 no mundo resulte em novos "lockdowns", e, assim, complique a recuperação das economias.

Até a quarta-feira, o índice acumulava alta de 0,81% em outubro, agora passou mostrar variação positiva de 0,05%.

Em Wall Street, o S&P 500 ensaiava melhora, com dados um pouco melhores do que o esperado sobre pedidos de auxílio-desemprego nos EUA e balanços de tecnologia. Na Europa, porém, o clima persistia negativo, com o londrino FTSE 100 recuando 0,7%, enquanto o petróleo Brent caía 5,7%.

Na visão do estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos, a explosão de casos de coronavírus na Europa nos últimos dias acabou levando diversos países a adotarem medidas mais agressivas de distanciamento social e fechamento econômico mais amplo, gerando maior volatilidade e correção dos mercados.

"Esperamos um curto-prazo de maior volatilidade e incerteza. Por alguns momentos, podemos ter a sensação de que voltamos no tempo e poderemos viver um novo 'março de 2020'", afirmou. "Ainda estamos distante da normalidade e de uma clara recuperação mais vigorosa em todas as regiões do mundo."

Investidores também avaliavam decisão do Banco Central de manter na quarta-feira a Selic em 2% ao ano, conforme ampla expectativa do mercado, bem como mensagem de orientação futura e a porta aberta para eventual corte nos juros básicos à frente.

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DESTAQUES

- AZUL PN (SA:AZUL4) e GOL (SA:GOLL4) PN caíam 5,04% e 5,73%, respectivamente, com o setor, um dos mais afetados pela pandemia, sofrendo com as preocupações sobre potenciais reflexos do aumento de casos de Covid-19 no mundo. No mesmo contexto, CVC (SA:CVCB3) BRASIL ON operava em baixa de 4,46%.

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- PETROBRAS PN (SA:PETR4) recuava 3,43% e PETROBRAS ON (SA:PETR3) perdia 3,33%, em meio a novo tombo do petróleo no exterior. Na véspera, a petrolífera divulgou prejuízo líquido de 1,5 bilhão de reais no terceiro trimestre, afetado por itens não recorrentes, como adesão a programa de anistia tributária. O resultado operacional medido pelo Ebitda ajustado, por sua vez, subiu a 33,4 bilhões de reais.

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- MULTIPLAN ON (SA:MULT3) recuava 2,26%, mesmo após forte alta do lucro no terceiro trimestre para 568,7 milhões de reais, que foi obtida sob a influência pontual da venda de um ativo, uma vez que as receitas seguiram sob pressão. No setor, IGUATEMI ON (SA:IGTA3) perdia 2,80% e BRMALLS ON caía 2,55%.

- BRADESCO PN (SA:BBDC4) recuava 3,05% após queda no lucro no período entre julho e setembro para 5 bilhões de reais, com o segundo maior banco privado do país elevando provisões em 67,5% ano a ano. No setor, ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) perdia 1,43 %, BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) caía 2,02% e SANTANDER BRASIL UNIT (SA:SANB11) cedia 0,81%.

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- VALE ON (SA:VALE3) tinha elevação de 0,85%, após divulgar lucro líquido de 2,9 bilhões de dólares no terceiro trimestre, aumento de 76% ante o registrado no mesmo período do ano passado, com impulso de melhores preços do minério de ferro em meio à forte demanda da China.