Ibovespa recua minado por exterior e cautela com desfechos em Brasília

Reuters

Publicado 06.07.2023 17:39

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, pressionado pelo viés externo negativo, em meio a receios sobre os próximos passos do Federal Reserve, e com as negociações envolvendo a votação da reforma tributária na Câmara dos Deputados também sob os holofotes.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,78%, a 117.425,7 pontos. O volume financeiro somou 21,7 bilhões de reais.

Com tal desempenho, o Ibovespa pode encerrar a primeira semana de julho no vermelho -- até o momento acumula perda de 0,56%.

Nos Estados Unidos, um dia após a ata da última decisão política monetária do Federal Reserve, dados nesta quinta-feira mostraram criação de vagas no setor privado acima das expectativas.

A pauta dos EUA ainda teve aceleração do setor de serviços em junho, enquanto os pedidos semanais de auxílio-desemprego tiveram alta moderada, corroborando a cautela antes da divulgação do relatório de empregos do Departamento do Trabalho norte-americano na sexta-feira.

Em Wall Street, o S&P 500 caiu 0,79%.

No Brasil, as atenções ficaram voltadas para Brasília, em meio às discussões sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária.

Coordenador do grupo de trabalho da reforma na Câmara dos Deputados, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) afirmou mais cedo que a ideia é votar o texto em primeiro e segundo turno na Casa até sexta-feira, enquanto o plano do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), era começar o processo de votação ainda nesta quinta-feira.

Uma das preocupações no mercado é de que, embora exista uma proposta, dada a falta de consenso, possa haver mudanças significativas antes de o texto ser colocado em votação. Na véspera, o relator da reforma apresentou seu parecer com algumas alterações

Entre os ajustes, a Warren Rena considerou negativa a alteração no cronograma de redução das alíquotas de ICMS/ISS, pois "posterga em demasia a transição dos tributos subnacionais para as vésperas da extinção, elevando o risco de alteração na Constituição quando se aproximar o derradeiro ano de 2033".

Estrategistas do Itaú BBA também destacaram o fato de que a PEC aborda diversos temas, mas os principais detalhes só serão definidos posteriormente, por meio de regulamentação via lei ordinária federal ou lei complementar, segundo relatório de Marcelo Sá e equipe enviado a clientes.

Em meio à priorização da reforma tributária na pauta da Casa, cresceram as chances de a votação da nova regra fiscal pela Câmara -- após alterações no projeto pelo Senado -- ficar para agosto. O avanço do arcabouço foi um dos componentes que apoiaram o rali recente na bolsa.

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O próprio relator do arcabouço fiscal, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), afirmou em entrevista à Reuters que a votação do novo marco fiscal pelo plenário deve ficar para o próximo mês. "Não estou vendo espaço para votar o Carf e só depois dela é que vai se votar o arcabouço", disse.

h2 Destaques/h2

- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) caiu 1,48%, a 28,6 reais, também sucumbindo ao movimento de aversão a risco, com BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) fechando em baixa de 2,41%, a 16,17 reais.

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) recuou 1,53%, a 29,65 reais, na esteira do declínio dos preços do petróleo no exterior, que serviam como argumento para realização de lucros no papel após valorização expressiva recentemente.

- VALE ON (BVMF:VALE3) cedeu 0,72%, a 64,85 reais, mesmo com a alta dos futuros do minério de ferro na China.

- MAGAZINE LUIZA ON (BVMF:MGLU3) perdeu 7,62%, a 3,15 reais, enquanto VIA ON (BVMF:VIIA3) caiu 6,76%, a 2,07 reais, com papéis sensíveis à economia brasileira em peso na coluna negativa.