Ibovespa recua pressionado por Treasuries, inflação nos EUA e risco fiscal

Reuters

Publicado 16.04.2024 17:08

Atualizado 16.04.2024 17:50

Por Patricia Vilas Boas

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa encerrou em queda nesta terça-feira, após renovar mínimas do ano, com avanço nos rendimentos dos Treasuries, um tom ainda cauteloso por parte do chair do Federal Reserve em relação à inflação norte-americana e temores com a questão fiscal no Brasil.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,75%, a 124.388,62 pontos. Na máxima do dia, chegou a 125.315,63 pontos. Na mínima, a 123.756,08 pontos, menor patamar intradia desde novembro passado. O patamar de fechamento também foi o menor em pouco mais de cinco meses.

O volume financeiro somou 26,4 bilhões de reais.

O chair do Fed, Jerome Powell, disse nesta terça-feira que o banco central dos Estados Unidos pode precisar manter a taxa básica de juros mais alta por mais tempo do que se pensava anteriormente para haver certeza sobre redução da inflação.

"O tom ainda foi de muita cautela em relação à inflação", afirmou o gestor de renda variável da Western Asset, Naio Ino.

Os traders veem chance de cerca de 44% de o Fed iniciar seu ciclo de flexibilização monetária em julho, enquanto a probabilidade é de cerca de 70% para setembro, segundo a ferramenta CME FedWatch.

O retorno do Treasury de 10 anos marcava 4,6571% no final da tarde, de 4,6280% na véspera, enquanto os principais índices acionários norte-americanos fecharam sem direção única.

"A nossa curva de juros acaba em parte refletindo um pouco desse estresse (nos Treasuries), principalmente nos vértices mais longos", acrescentou Ino.

As taxas futuras de juros no Brasil tiveram alta, na esteira do avanço dos retornos dos títulos norte-americanos, refletindo também uma deterioração na percepção fiscal doméstica, após o governo propor mudanças nas metas fiscais.

O mercado agora precifica 51% de chances de um corte de apenas 0,25 ponto percentual na Selic em maio pelo Banco Central, em vez de 0,50 p.p., como vinha sendo precificado pela autarquia.

"As ações do Ibovespa acabam sofrendo com essa dinâmica", destacou Luan Alves, analista chefe da VG Research.

DESTAQUES

- VALE ON (BVMF:VALE3) caiu 0,89%, a 61,44 reais, principal contribuição negativa para o Ibovespa, com os preços futuros do minério de ferro na China quebrando série de altas e caindo nesta terça-feira. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrou as negociações diurnas com queda de 1,49%, a 826 iuanes (114,10 dólares) a tonelada. A Vale divulga após o fechamento dos mercados relatório de vendas e produção do primeiro trimestre.

- PETROBRAS ON (BVMF:PETR3) valorizou-se 0,49%, a 41,09 reais, em dia volátil para os preços do petróleo no exterior, que fecharam praticamente estáveis, com quedas marginais de 0,09% e 0,06% nos futuros do Brent e WTI, respectivamente. Na véspera, a Justiça suspendeu os efeitos de decisão judicial anterior que afastava Sérgio Machado Rezende do exercício do cargo de conselheiro da estatal. Em comunicado ao mercado nesta terça-feira, a Petrobras (BVMF:PETR4) disse que "continuará defendendo a higidez de seus procedimentos de governança interna". Em paralelo, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) ainda afirmou esperar que a diretoria da petroleira aprove a retomada da operação de uma fábrica de fertilizantes no Paraná.

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- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) cedeu 0,75%, a 31,67 reais, e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) caiu 0,71%, a 13,9 reais, marcando o quinto pregão consecutivo de queda para os papéis, pressionados pelo avanço das taxas futuras de juros no Brasil. BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) perdeu 1,13%, a 27,91 reais, no primeiro pregão com os papéis sendo negociados refletindo o desdobramento de 100% das ações.

- ELETROBRAS ON (BVMF:ELET3) recuou 0,52%, a 38,29 reais. De pano de fundo, notícia do jornal O Globo de que o governo federal acredita estar muito próximo de um acerto com a Eletrobras que vai aumentar o poder da União na companhia, com expectativa de que um anúncio possa ser feito até maio.