Ibovespa afunda com crise política e volta ao nível de janeiro após romper 100 mil pontos

Investing.com  |  Autor 

Publicado 22.03.2019 16:30

Atualizado 24.03.2019 16:00

Ibovespa retorna a níveis de janeiro em semana que rompeu os 100 mil pontos

Investing.com - A semana iniciou com a expectativa de que a tramitação da reforma da Previdência iria, enfim, avançar no Congresso após a instalação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara dos Deputados no dia 13 de março. Havia expectativa, na segunda-feira, da escolha do relator da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) e sua aprovação na CCJ em, no máximo, duas semanas. Por isso, o Ibovespa rompeu a barreira psicológica dos 100 mil pontos, renovando a máxima intradia, e fechou com alta de 0,86% a 99.993,92 pontos.

O restante da semana foi, contudo, somente de queda devido às tensões políticas internas, mas também com contribuição do exterior em meio a um cenário de desaceleração econômica no mundo. A viagem do presidente Jair Bolsonaro aos EUA no início da semana não desviou o foco das crescentes distensões políticas internas, intensificadas pela apresentação das novas regras previdenciárias aos militares na quarta-feira, a prisão do ex-presidente Michel Temer na quinta e a troca de farpas envolvendo Rodrigo Maia e membros do governo e a família do presidente.

Na quarta, Maia criticou o ministro da Justiça Sergio Moro pela pressão para tramitar, junto com a reforma da Previdência, o pacote anticrime e anticorrupção encaminhado ao Congresso em fevereiro. Na sexta, o presidente da Câmara dos Deputados se irritou do compartilhamento de Carlos Bolsonaro com as críticas de Moro à Maia em torno da tramitação do pacote do Ministério da Justiça.

Após a postagem de Carlos, o deputado carioca manifestou seu descontentamento ao ministro da Economia Paulo Guedes em uma ligação presenciada por líderes dos partidos do Centrão, afirmando que “se é para ser atacado por filhos e aliados de Bolsonaro, o governo não precisa de ajuda”, deixando claro a sua saída da articulação para a aprovação da reforma da Previdência. Flávio Bolsonaro, outro filho do presidente, disse em suas redes sociais que Maia é importante para a articulação. Já o presidente afirmou que não deu motivos para saída de Maia, mas disse que iria conversar com ele.

A desarticulação política do governo com o Congresso acendeu o sinal amarelo para a aprovação da reforma no Congresso, refletindo na desvalorização dos ativos brasileiros na semana. O Ibovespa encerra a semana despencando 5,4% a 93.735 pontos, patamar de meados de janeiro. O dólar também foi impactado e subiu 2,4% a R$ 3,90.

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O encaminhamento da reforma da Previdência dos militares também trouxe descontentamento no Congresso e no mercado. Apesar de garantir uma economia de R$ 97,3 bilhões em 10 anos, foi encaminhado conjuntamente a reestruturação da carreira dos militares, incluindo aumento salarial, com gastos estimados em R$ 86,85 bilhões.

A economia fiscal líquida é de R$ 10 bilhões, considerada insuficiente para que os militares deem a sua contribuição para o reequilíbrio das contas públicas. Por isso, a escolha de relator em tramitação da reforma no CCJ foi adiada, com o líder do PSL no Congresso criticando o pacote, alegando que dá privilégios aos militares em uma reforma que deveria retirar privilégios.

Ações

No mercado acionário, houve notícias relevantes para Petrobras (SA:PETR4), Vale (SA:VALE3) e Natura (SA:NATU3). A estatal petrolífera iniciou a produção na plataforma P-77 na segunda-feira. No mesmo dia, a imprensa noticiou que o governo brasileiro vai repassar por volta de US$ 10 bilhões à estatal pela cessão onerosa. No fim da semana, a Petrobras anunciou operação de hedge com o petróleo Brent a um preço médio US$ 60 entre abril e dezembro de 2019, a um custo de US$ 320 milhões. Por fim, a empresa foi beneficiada pelas maiores cotações do preço do petróleo durante a semana, apesar da queda de sexta-feira.

Já a Vale continuou com a novela de interrupção da produção ordenado pela Justiça devido às barragens semelhantes da tragédia de Brumadinho. Na quarta, a mineradora informou a suspensão da mina de ferro Alegria e novo corte de produção de até 10 mil toneladas no ano Na sexta, a Justiça de Nova Lima (MG) determinou a suspensão da operação na barragem relacionada à Dique 3. No mesmo dia, a empresa informou que deve retomar a produção na maior mina de MG em 72 horas. A suspensão da produção é relativamente compensada com a alta do preço dos minérios em Dalian, devido à alta capacidade da Vale em influenciar o mercado. Por outro lado, a retomada da produção eleva a oferta, diminuindo o preço.

A Natura confirmou, na sexta-feira, que discute potencial aquisição das operações internacionais e dos EUA da Avon. No início do dia, a agência Dow Jones reportou que as dificuldades financeiras da empresa americana a fez considerar venda à brasileira. O primeiro rumor da negociação entre as duas empresas foi em setembro do ano passado.

Indicadores

O Banco Central divulgou o IBC-Br – considerado uma prévia do PIB – de janeiro, que apresentou uma queda de 0,41% ante dezembro. No mês anterior, a economia brasileira havia crescido 0,21%, segundo o índice. Contribuiu para a queda a redução da atividade industrial.

Já arrecadação federal subiu 5,36% em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado, após três meses de queda. Foram arrecadados R$ 115,062 bilhões, recorde para o período e um pouco acima da expectativa de R$ 114 bilhões.

Por fim, Roberto Campos Neto liderou a primeira reunião de política monetária do Copom. A taxa Selic manteve-se inalterada em 6,5% ao ano, com o balanço de risco tornando-se simétrico, ou seja, os fatores que pressionam a elevação e os que influenciam na queda inflacionário são equivalentes. Além disso, a autoridade monetária avaliou que a atividade econômica está abaixo do que era esperada. Mercado interpreta que o Copom abriu a possibilidade de corte da Selic em futuras reuniões, apesar de os diretores debaterem na reunião que vão observar a divulgação dos indicadores nos meses seguintes.

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