Reuters
Publicado 15.01.2021 18:37
Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - O apetite por ações brasileiras perdeu fôlego nesta semana, com grandes investidores passando a preferir esperar por novos catalisadores após o Ibovespa ter subido mais de 30% em pouco mais de dois meses.
Mesmo o anúncio de um pacote de estímulo econômico de 1,9 trilhão de dólares nos Estados Unidos e o início da vacinação em massa contra Covid-19 em várias partes do mundo não foram argumentos suficientes para sustentar recordes recentes.
O Ibovespa seguiu a tendência global negativa nesta sexta-feira, tombando 2,54%, para 120.348,80 pontos, pressionado sobretudo por realização de lucros em ações de maior liquidez, como de Petrobras (SA:PETR4), Vale (SA:VALE3), siderúrgicas e bancos.
No acumulado da semana, o índice teve queda de 3,78%, após a máxima histórica acima de 125 mil pontos na última sexta-feira, marcando o pior desempenho desde a semana terminada em 30 de outubro, quando teve baixa de 7,2%. O giro financeiro desta sessão somou 33,3 bilhões de reais.
Para profissionais do mercado, o movimento errático desta semana, com o Ibovespa alternando fechamentos em alta e baixa desde segunda-feira, pode ser uma indicação da perda de fôlego da valorização baseada puramente em fluxo. Só os estrangeiros trouxeram para o mercado acionário à vista 16,6 bilhões de reais nas primeiras oito sessões do ano.
Segundo Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, após a confirmação do pacote de estímulo nos EUA e o começo da vacinação contra Covid, as atenções passaram a se voltar para as novas medidas de isolamento em várias partes do mundo, com casos pontuais, como do Brasil, parecendo voltar fugir do controle.
Além disso, a deterioração fiscal do país, ponto que ficou em segundo plano nas últimas semanas, recuperou relevo após o Ibovespa ter batido nos 125 mil pontos.
"Como isso é próximo do que muita gente previa para o final deste ano, alguns começam a se perguntar se a relação de risco e retorno atual justifica continuar comprando ações", disse.
Para a próxima semana, espera-se início de vacinação no Brasil, reunião do Copom, e publicação pelo Banco Central publica do índice de atividade econômica (IBC-Br) referente a novembro.
h2 DESTAQUES/h2- PETROBRAS, novamente um dos alvos principais de realização de lucros, caiu 4,5%, também na esteira da queda das cotações internacionais do petróleo.
- VALE recuou 4,35%. Assim como com Petrobras, a ação da mineradora foi um dos motores de alta do Ibovespa nos últimos dois meses. E os papéis estão no centro da disputa pelos contratos de opções sobre ações, que vencem na próxima segunda-feira. Também no setor de metais, USIMINAS (SA:USIM5) cedeu 4,7%. CSN (SA:CSNA3) caiu 8,1% e GERDAU (SA:GGBR4) recuou 5,9%.
- SANTANDER BRASIL liderou as perdas entre bancos, com retração de 5%, seguido por ITAÚ UNIBANCO e BRADESCO, caindo 3,77% e 2,76%, respectivamente.
- LOCALIZA teve baixa de 4,36%, com o setor de locação de veículos e gestão de frotas todo no vermelho em meio às preocupações com novas medidas de isolamento social que atingiram o setor no ano passado. LOCAMERICA se desvalorizou em 5,9%.
- SUZANO (SA:SUZB3) cresceu 2,5%. KLABIN avançou 0,45%. Em relatório a clientes, o BTG Pactual (SA:BPAC11) manteve visão positiva para ambos os papéis, dado o cenário de alta de preços da celulose na China.
- JHSF (SA:JHSF3) subiu 2,05%. A empresa anunciou mais cedo que suas vendas contratadas somaram 378,6 milhões de reais no quarto trimestre, alta de 192,9% ante igual período de 2019.
- MRV (SA:MRVE3) teve baixa de 1,93%, após ter informado na véspera alta nas vendas e queda nos lançamentos do quarto trimestre, no comparativo anual. Segundo o BTG Pactual, as vendas no negócio principal da construtora vieram abaixo das expectativas.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)
Escrito por: Reuters
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