Investidor fica mais seletivo mirando inflação e volatilidade mais altas

Reuters

Publicado 15.10.2021 15:38

Atualizado 15.10.2021 15:48

Por Aaron Saldanha e Lisa Pauline Mattackal

(Reuters) - Investidores globais estão procurando com afinco bolsões de oportunidade e ficando mais seletivos em suas alocações em renda fixa e ações, disseram alguns gestores de fundos à Reuters, antecipando a volatilidade estimulada pela inflação mais acelerada e pela incerteza em torno da política monetária.

"Há muitas peças móveis globalmente e dentro dos Estados Unidos que devem criar alguma volatilidade e oportunidade em 2022", disse Lisa Hornby, chefe de Renda Fixa Multissetorial para os Estados Unidos da gestora de ativos Schroders (LON:SDR), ao Reuters Global Markets Forum, acrescentando que a "estagflação" está crescendo como um risco potencial.

"Muito poucos mercados parecem baratos agora, há bolsões que ainda oferecem valor, mas esses são poucos e mais espaçados", disse ela, apontando a dívida corporativa e municipal, que deve se beneficiar das reaberturas econômicas pós-Covid, e títulos de mercados emergentes selecionados.

Da mesma forma, Ashley Fagan, chefe global de ETF, Indexing, Smart Beta Strategic Clients da Amundi, disse ao fórum esperar mais volatilidade macroeconômica e inflação mais alta, defendendo "hedges" como ouro para proteger carteiras.

Enquanto permanece pró-risco, Fagan recomenda posição defensiva na dívida dos governos dos EUA e da Europa, e Hornby, da Schroders, está moderando os níveis de risco em carteiras de renda fixa.

No geral, os investidores estão embolsando lucros nos índices de referência do mercado dos EUA e migrando para ações e ativos financeiros de alta qualidade, disse Fagan, que, na renda fixa, prefere títulos de "duration" (uma medida de risco) mais curta.

A maioria dos investidores espera que o Federal Reserve anuncie uma redução gradual das compras de ativos em sua reunião de novembro --movimento que Hornby já vê como totalmente precificado pelos mercados de títulos, mas há mais incerteza em torno de quando o banco central aumentará as taxas de juros.

As curvas de rendimento dos títulos do governo dos EUA e do Reino Unido se achataram na semana passada, indicando preocupação sobre como os formuladores de política monetária equilibrarão o aumento da inflação com uma frágil recuperação econômica.