Julius Baer: rotação de portfólios e exterior ajudam bolsa brasileira, mas há desafios

Reuters

Publicado 03.12.2020 17:31

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - As ações brasileiras devem se beneficiar da continuidade da rotação nos portfólios para papéis de 'valor' e de um ambiente externo favorável, enquanto a retomada econômica deve reduzir o ritmo e o prognóstico fiscal pós Covid-19 continua desafiador, avalia Mathieu Racheter, do Julius Baer.

Na visão do analista de pesquisa e estratégia para mercados emergentes do banco suíço, a economia do Brasil apresentou uma recuperação sólida no terceiro trimestre, apoiada no consumo maior das famílias e salto em investimentos, mas essa reação deve perder fôlego nos últimos meses do ano.

"Com a taxa de desemprego ainda em um nível recorde, menos estímulo e alguns Estados enfrentando uma segunda onda de casos Covid-19 --São Paulo, por exemplo--, acreditamos que a recuperação econômica provavelmente perderá força a partir do quarto trimestre", afirmou em comentário a clientes.

Dados do IBGE mostraram que a economia do Brasil teve expansão recorde no terceiro trimestre, com o PIB crescendo 7,7% em relação aos três meses anteriores, no melhor desempenho desde o início da série, em 1996. O consumo das famílias subiu 7,6% e formação bruta de capital fixo (FBCF) avançou 11%.

A perspectiva para o cenário fiscal após a pandemia, por sua vez, permanece "claramente" desafiadora, afirmou o analista, acrescentando que não está claro se o governo será capaz de avançar em seu programa de reformas econômicas estruturais, que ajudou a bolsa desde a eleição de Jair Bolsonaro em 2018.

No ano passado, o Ibovespa subiu mais de 30%, tendo atingido máxima histórica intradia em janeiro de 2020, a 119.593,10 pontos. A pandemia reverteu o movimento e chegou a derrubar o índice a quase 60 mil pontos, mas boa parte da perda já foi recuperada e o declínio no ano agora é de "apenas" 2%.