Juros dispararam com percepção de perda da âncora fiscal após furo ao teto

Estadão Conteúdo

Publicado 21.10.2021 15:05

Atualizado 21.10.2021 18:40

Juros dispararam com percepção de perda da âncora fiscal após furo ao teto

Os juros futuros dispararam nesta quinta-feira, com a parte intermediária da curva sendo, a exemplo dos últimos dias, a mais penalizada pela deterioração de risco fiscal. O endosso da equipe econômica ao rompimento da teto de gastos para pavimentar o programa Auxílio Brasil catapultou as taxas e reforçou a expectativa de um aperto monetário mais agressivo. A precificação nos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) mostra apostas majoritárias em alta de 1,5 ponto porcentual da Selic para o Copom da semana que vem, enquanto nos Departamentos Econômicos já surgem previsões de que a taxa básica estará novamente em dois dígitos ao fim do ciclo.

A taxa do contrato de DI para janeiro de 2023 fechou em 10,48%, de 9,913% no ajuste e 10,16% no fechamento de quarta. A do DI para janeiro de 2025 encerrou a 11,49%, de 10,906% (ajuste) e 11,14% (fechamento), e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 11,274% (ajuste) e 11,48% (fechamento) para 11,80%. E o DI para janeiro de 2029 bateu em 12,00%, de 11,622% no ajuste anterior e 11,69% no fechamento.

O avanço foi maior ante os ajustes do que em relação ao fechamento da sessão de quarta, uma vez que na etapa estendida os DIs esticaram o fôlego na esteira das declarações do ministro Paulo Guedes, admitindo a necessidade de uma "licença para gastar" R$ 30 bilhões fora do teto. Dados os estragos no mercado e para não configurar desrespeito à regra, o governo nesta quinta propôs mudança na fórmula de correção do teto, que vai abrir um espaço de R$ 83,6 bilhões para despesas adicionais em 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro buscará sua reeleição.

Mas a alteração não "colou". "Do ponto de vista legal, tudo bem. Do ponto de vista fiscal é que é muito ruim, tanto é que o mercado reage a isso", avaliou o secretário de Macroavaliação Governamental do Tribunal de Contas da União (TCU), Alessandro Caldeira.

"O furo ao teto avalizado pela Economia mostra que as máscaras caíram e isso tudo às vésperas do Copom", disse o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.

Ele ainda espera alta de 1 ponto da Selic na próxima reunião, mas disse que o quadro fiscal agora foi "profundamente" alterado justificando uma deterioração no balanço de riscos para a inflação e consequente aceleração do ritmo de aperto. "Será uma das reuniões mais desafiadoras dos últimos tempos", disse.

A curva do DI não só apagou as apostas de aumento de 1 ponto na Selic como agora mostra expectativa majoritária de elevação de 1,5 ponto para o Copom de outubro. A Greenbay Investimentos informou que a precificação nesta tarde apontava 70% de chance de alta de 1,5 ponto contra 30% de chance de aumento de 1,25 ponto.

O impacto do furo do teto sobre a curva ainda foi amplificado à tarde, levando as taxas às máximas depois que o presidente Jair Bolsonaro anunciou a criação de um benefício a caminhoneiros, que ameaçam paralisação a partir de 1º de novembro. "Em torno de 750 mil caminhoneiros receberão ajuda para compensar aumento do diesel", afirmou, sem oferecer detalhes sobre a medida. A ajuda pode ser de R$ 400 mensais, a ser paga de dezembro de 2021 a dezembro de 2022, segundo apurou o Broadcast.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações